Embora não seja um país do Árctico, a China quer estender o seu projecto de uma nova Rota da Seda àquela região, conforme consta de um documento emitido há dias pelo State Council Information Office (SCIO), um gabinete de comunicação do Governo chines, no qual o país anunciou uma estratégia para o Árctico.
Conforme refere o World Maritime News, o objectivo da China é aproveitar a intensificação da navegação marítima no Árctico, induzida pelo degelo, e participar na exploração dos recursos da região, como petróleo e gás, participando na governação da região e na sua infra-estruturação.
Face às ainda severas condições climatéricas da região, mas que começam a permitir poupar tempo no transporte marítimo de mercadorias devido à diminuição das distâncias, designadamente, entre o Extremo Oriente e o norte da Europa, e à carência de infra-estruturas, o Governo chinês vai incentivar as empresas do país a participarem na construção e desenvolvimento de projectos na região para facilitar a navegação marítima na zona.
Numa região com larga margem para se desenvolver, muito por causa da sua sensibilidade ambiental, a China afirma-se capaz de “em conjunto, ajudar a perceber, proteger, desenvolver e participar na governação do Árctico, e de promover uma cooperação no Árctico no âmbito da iniciativa Belt and Road Initiative”, ainda que sem interferir nos assuntos exclusivos dos países árticos, refere-se no documento, citado pelo jornal.
Num encontro em Moscovo, em Julho de 2017, entre o Presidente chinês, Xi Jinping, e o Primeiro-Ministro russo, Dmitri Medvedev, a China e a Rússia já concordaram em criar uma «Rota da Seda no Gelo» (Ice Silk Road) no âmbito da Rota do Árctico e em expandir a sua cooperação na zona.
Actualmente, a Rússia e a China já são parceiros no projecto chinês da nova Rota da Seda, que une a Ásia e a Europa por via terrestre e marítima (pelo Índico) e a China tem interesse no novo projecto russo de gás natural liquefeito (GNL) na Penínsua de Yamal, onde investiu.
Além disso, o interesse do país na região não é novo. A China já tinha enviado um quebra-gelos ao Pólo Norte e aberto uma estação de pesquisa em Svalbard, um território árctico norueguês, ainda o Concorde voava. Sem esquecer o seu estatuto de observador no Conselho do Árctico desde 2013, que promove conferências internacionais anuais. O que é novo é a divulgação internacional, em língua inglesa, de uma estratégia oficial, que assinala em definitivo as ambições da China de se tornar uma potência no Árctico
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