O Reino Unido vai introduzir uma legislação para impedir os micro-plásticos nos cosméticos e a skipper da Volvo Ocean Race, Dee Caffari, regozija-se com a notícia.
Energia das marés

Mesmo a bordo do Turn The Tide on Plastic, a skipper Dee Caffari, cujo barco faz recolha de amostras para analisar o nível de micro-plásticos no oceano, recebe com agrado a notícia da nova legislação do Reino Unido e transmite-a numa entrevista a bordo.

Os plásticos dos oceanos já são conhecidos e evitados, no entanto, as micro-partículas de plástico são um problema recente que o Governo do Reino Unido noticiou ontem que quer banir o uso de substâncias de micro-plásticos no fabrico dos seus produtos cosméticos.

Dee, uma das mais famosas velejadoras britânicas, refere na entrevista que “estar na 4º etapa da Volvo Ocean Race, a muitas milhas de terra, e ouvir a notícia que o Governo do Reino Unido introduziu a legislação dos micro-plásticos é óptimo”.

E acrescentou que “a realidade é que estamos a ver os impactos que os plásticos estão a ter nos nossos mares enquanto viajamos pelo mundo”, e isto não pode ser ignorado pelas pessoas, pelo que aguarda para que no futuro exista “uma mudança na quantidade de micro-plásticos na água, com a introdução de legislação e através de pessoas que tomem decisões positivas, que continuarão a criar impacto”.

O Turn The Tide on Plastic, que está neste momento no Oceano Pacífico, na 4ª etapa, está a reunir dados sobre esta questão e até agora já identificou mais de três milhões de partículas de micro-plásticos por quilómetro quadrado nas águas europeias.

 

Os velejadores portugueses a bordo do Turn The Tide on Plastic

 

“A manga de Cape Town para Melbourne foi muito dura, estava muito frio, poucas horas de sono, muito vento, muitas dores no corpo, mas só o factor psicológico de ter num dia uma cama, um chuveiro, faz logo mudar a moral”, afirmou Frederico Pinheiro de Melo numa entrevista a bordo do Turn The Tide On Plastic. Esclarecendo que esta é a etapa com mais ilhas e recifes no caminho, diz que é preciso estar mais atento do que numa etapa normal, o que “mantém o jogo muito mais aberto e é muito mais interessante”.

Já Bernardo Freitas esclareceu a estratégia que todos procuram. “A navegação é muito importante e todos procuramos o mesmo: ir mais para sul, navegar a menos distância possível”, refere, para chegar o mais rápido possível a Melbourne. E sendo esta uma etapa diferente, explica o velejador, “passamos pelo equador outra-vez, temos os Doldrums, o trade winds, e isso tudo impõe muitos mais factores para o navegador, que é a pessoa que toma essas decisões e tem de escolher o caminho melhor”. No entanto, Bernardo Freitas afirma que “até agora temos estado muito bem, porque recuperámos e estamos na liderança há mais de 24horas”.

 

4ª Etapa da Volvo Ocean Race

 

Na quarta etapa da Volvo Ocean Race, os barcos, que estão a 1700 milhas náuticas da próxima paragem, que será em Hong Kong, voltam agora a atingir velocidades que estão a aumentar com a entrada de vento, o que pode fazer com que a frota chegue já na sexta-feira.

A equipa do Dave Witt continua na frente da frota, depois de no sábado “ter cortado caminho” no norte das Ilhas Salomão, e desde então consolidou a liderança. Impulsionados para serem os primeiros na sua cidade natal de Hong Kong, o Scallywag encontrou “uma velocidade extra ao beneficiar dos ventos alísios favoráveis”, refere um comunicado da Volvo Ocean Race. O Vestas está a cerca de 76 milhas de distância, e o AkzoNobel estava a cerca de 89 milhas. O Brunel, de Bouwe Bekking, pode estar no sexto lugar quase 220 milhas atrás do Scallywag.

O Turn the Tide on Plastic tinha mais do que apenas os relatórios de classificação para se preocupar, quando, o dessalinizador – a máquina que remove o sal da água do mar para torná-lo potável – deixou de funcionar, questão que Liz Wardley resolveu rapidamente identificando uma parte corroída dentro do aparelho, e a tripulação teve novamente água fresca, pouco tempo depois.

Assim, a classificação de ontem ao final da tarde era:

1º – SHK/Scallywag- distância até ao final – 1.702,04 milhas náuticas

2º – Vestas 11th Hour Racing +75,93 milhas náuticas

3º – AkzoNobel +93,92

4º – Dongfeng +94.89

5º – Mapfre +176,19

6º – Turn the Tide on Plastic +221,78

7º – Brunel +229,67

 



Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

«Foi Portugal que deu ao Mar a dimensão que tem hoje.»
António E. Cançado
«Num sentimento de febre de ser para além doutro Oceano»
Fernando Pessoa
Da minha língua vê-se o mar. Da minha língua ouve-se o seu rumor, como da de outros se ouvirá o da floresta ou o silêncio do deserto.
Vergílio Ferreira
Só a alma sabe falar com o mar
Fiama Hasse Pais Brandão
Há mar e mar, há ir e voltar ... e é exactamente no voltar que está o génio.
Paráfrase a Alexandre O’Neill