A Plataforma Marítima Alemã GNL (Gás Natural Liquefeito), composta por quase 100 entidades alemãs e não só, incluindo portos, empresas de transporte marítimo, estaleiros, sociedades classificadoras, organizações ambientais, entre outras, assinou o Compromisso para o Árctico na última semana, reforçando o grupo internacional de empresas, organizações, políticos e exploradores polares que defendem a proibição do uso de óleos combustíveis pesados (heavy fuel oils, ou HFO) no transporte marítimo no Árctico, anunciava recentemente o World Maritime News.
Os HFO são combustíveis viscosos muito poluentes que, numa situação de derrame, demoram mais tempo a diluir-se em zonas frias, como as águas do Árctico, do que em zonas quentes, prejudicando gravemente os ecossistemas marítimos. Produzem emissões de poluentes, como partículas, óxido de azoto, óxido de enxofre e carbono negro. Este último, quando emitido e depositado na neve e no gelo do Árctico, contribui cinco vezes mais para o aquecimento global do que se fosse depositado no oceano aberto.
O Compromisso para o Árctico foi estabelecido em Janeiro deste ano, resultante de um acordo subscrito pelo operador de cruzeiros científicos Hurtigruten e a Clean Arctic Alliance. O acordo é um desafio às organizações e à economia no sentido de apelarem à Organização Marítima Internacional (IMO, na sigla em inglês) para que implemente uma proibição total de uso de HFO no Árctico a partir de 2020. Recorde-se que a Clean Arctic Alliance é composta por uma série de organizações não lucrativas e defende o fim dos HFO como combustíveis marítimos no Árctico.
A adesão da Plataforma Marítima Alemã GNL assume particular importância, na medida em que actua como intermediário entre os políticos e os operadores do mercado, trabalhando de perto com o Ministério Alemão Federal dos Transportes e o Ministério Alemão Federal para os Assuntos Económicos e a Energia no sentido de desenvolver uma estratégia para o uso marítimo do GNL na Alemanha. Paralelamente, é membro do Fórum para o Transporte Marítimo Sustentável da Comissão Europeia.
Criada em 2014, a Plataforma Marítima Alemã GNL visa tornar o transporte marítimo uma actividade mais sustentável, através do uso do GNL como combustível marítimo, quer no mar, quer em águas interiores, e como fonte de abastecimento nos portos.
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