Em Maio, o Japão planeia enviar o seu maior navio militar, o porta-helicópteros Izumo, numa deslocação de três meses rumo ao Oceano Índico, onde se juntará em Julho a uma frota militar com navios da Índia e dos Estados Unidos para participar no exercício conjunto «MALABAR», referem vários meios de comunicação internacionais. O regresso do navio ao Japão está previsto para Agosto.
Para chegar ao Índico, o navio fará escala em Singapura, Indonésia, Filipinas e Sri Lanka, cruzando a rota mais curta, que atravessa o Mar do Sul da China, no qual a China reclama quase todas as águas em disputa entre vários países da região, como Taiwan, Malásia, Vietname, Filipinas e Brunei. Já o Japão não tem pretensões naquelas águas, embora mantenha uma disputa com a China no Mar da China Oriental (as Ilhas Senkaku, que a China designa por Ilhas Diaoyu).
Segundo a Reuters e a CNN, a viagem constituirá a maior demonstração de poder militar naval do Japão desde a Segunda Guerra Mundial, num momento em que a região atravessa alguma tensão, gerada quer pelas disputas territoriais no Mar da Sul da China, quer pelos mísseis lançados pela Coreia do Norte na última semana e que caíram em águas territoriais japonesas, levantando um coro internacional de protestos. Além disso, a China já manifestou desagrado pelo exercício «MALABAR».
A Reuters refere que durante a escala do navio na base de Subic Bay, nas Filipinas, o Japão pretende convidar o Presidente Rodrigo Duterte, que se aproximou recentemente da China e criticou uma velha aliança do seu país com os Estados Unidos, a visitar o Izumo. Por outro lado, a actual Administração norte-americana, à semelhança da anterior, já criticou as iniciativas chinesas no Mar do Sul da China que visam consolidar uma presença militar na região em zonas sob disputa.
O resultado de duas viagens próximas poderá agravar ou suavizar este clima de tensão sob o qual decorrerá a deslocação do Izumo ao Oceano Índico. Esta semana, o Secretário de Estado norte-americano, Rex Tillerson, visita a Ásia, com paragens planeadas na Coreia do Sul, China e Japão. Em Abril, o Presidente chinês será recebido por Donald Trump para uma cimeira em Mar-a-Lago, na Florida, segundo afirma a CNN com base numa fonte da Administração norte-americana.
Com 249 metros de comprimento, o Izumo é tão grande como os porta-aviões japoneses da Segunda Guerra Mundial e uma das poucas unidades navais japonesas capazes de projectar poder militar fora do mero contexto de defesa das fronteiras do Japão, embora tenha sido designado como destroyer porque a Constituição nipónica proíbe a aquisição de armas ofensivas pelo país, recordam meios de comunicação internacionais.
É um navio especializado para operações anti-submarinas e pode operar com nove helicópteros. Está baseado em Yokosuka, próximo de Tóquio, tal como o porta-aviões Ronald Reagan, da Sétima Esquadra dos Estados Unidos. Segundo a CNN, alguns analistas, entendem que a sua inclusão no exercício serve para afirmar que a capacidade de guerra anti-submarina japonesa é essencial na travagem da expansão chinesa nas águas do sudeste asiático.
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