A britânica FTA acusa Downing Street de negligência e imprudência por ainda não ter firmado um acordo com a União Europeia para o pós-Brexit e aumentar a incerteza sobre o futuro das relações aduaneiras e comerciais do Reino Unido com a Europa
Porto de Roterdão

A falta de acordo entre o Reino Unido e a União Europeia (UE) sobre matéria alfandegárias e política comercial no pós-Brexit está a preocupar a principal representante do sector logístico britânico, a Associação de Transporte de Carga (Freight Transport Association, ou FTA), quando faltam menos de 300 dias para o país abandonar a instituição europeia.

Em comunicado, a associação referiu mesmo que a sua confiança na capacidade do Governo para conseguir um Brexit sem atrito que mantenha o comércio da Grã-Bretanha com a UE está a colapsar rapidamente. O seu vice-CEO, James Hookham, acusou inclusivamente alguns membros do Governo britânico de negligenciarem as legítimas preocupações da associação.

Entre as queixas da FTA está a incerteza que paira sobre a verificação das exportações britânicas de bens alimentares e agrícolas nos portos do continente europeu e da Irlanda e a empregabilidade dos 43 mil camionistas do Reino Unido com nacionalidade de outro Estado membro da UE. Sem falar das 103 licenças de transporte por camião entre o Reino Unido e o continente previstas para o pós-Brexit.

James Hookham lembra também que na ausência de um acordo, será o sector da logística, que opera 24 horas por dia, 365 dias por ano, a sofrer as consequências do falhanço dos políticos, enfrentando a ira de consumidores e empresários, a quem não poderão explicar os motivos pelos quais os produtos poderão não ser entregues atempadamente.

Em última instância, James Hookham acusa o Governo britânico de imprudência e de brincar com uma parte fundamental da economia do país e com o meio de subsistência de 7 milhões de britânicos que dependem desta indústria.

De acordo com o Maritime Executive, a preocupação não é menor no continente, onde as frustrações da FTA são partilhadas por alguns operadores. Joachim Coens, CEO do porto de Zeebrugge, na Bélgica, reclama segurança. Concorda com um período transitório de dois anos após o Brexit, desde que os operadores saibam de início com o que contar. Dirigindo-se ao Parlamento britânico, reconheceu que “se o período transitório significar incerteza durante esse período, então nunca estaremos preparados”.

 



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