O GNL é suficientemente importante para a China, a ponto de ficar excluído da lista de produtos atingidos pela retaliação comercial de Pequim às taxas aduaneiras suplementares impostas por Washington sobre produtos chineses
GNL

O gás natural liquefeito (GNL) ficou de fora dos produtos norte-americanos atingidos pela retaliação de Pequim às taxas aduaneiras suplementares que os Estados Unidos querem aplicar às importações chinesas, e isso não é por acaso, admitem alguns analistas citados pelo Maritime Executive.

“O GNL parece estar claramente excluído da lista de bens que serão alvo de taxas”, refere Nicholas Brown, da consultora Wood Mackenzie, acrescentando que o GNL “é claramente visto como um bem essencial pelo Governo chinês” e que assim sendo, “no caso de uma escalada, o GNL ficará provavelmente de fora do perímetro de quaisquer tarifas adicionais”.

De facto, a China procura substituir o carvão pelo gás natural como fonte energética para aquecimento e electricidade, contribuindo para reduzir o volume de partículas nocivas e de enxofre na atmosfera que resulta da queima do carvão. Ora, segundo a consultora, as novas centrais de GNL norte-americanas representam um terço do crescimento global do GNL no próximo ano e quase metade dos novos abastecimentos em 2019, sendo que a China é um importante consumidor de gás dos Estados Unidos.

Em 2017, os Estados Unidos forneceram 4% do GNL importado pela China e Nicholas Brown admite que a introdução de tarifas seria um desafio significativo para os compradores chineses que procuram responder ao aumento da procura do produto. No último Inverno, faltou gás aos consumidores chineses, enquanto o Governo procurava acelerar a transição do carvão para outras fontes energéticas, no que constituiu uma experiência que as autoridades chinesas querem evitar repetir, refere a publicação.

Já a imposição de taxas sobre o petróleo norte-americano enviaria uma mensagem forte a Washington, referem outros analistas citados pela publicação. Segundo afirmam, a China absorveu 20% das exportações de crude dos Estados Unidos no primeiro trimestre deste ano. Tais exportações podem duplicar até 2023 num cenário de comércio livre, pelo que a imposição de taxas sobre o petróleo exportado para a China é um risco para Washington, até porque Pequim tem fontes alternativas, designadamente na África Ocidental. Já os Estados Unidos teriam mais dificuldade em encontrar um mercado alternativo para o crude.

 



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