SEAL decreta nova greve ao trabalho suplementar, entre 13 de Agosto e 10 de Setembro, e AGEPOR reage com ironia
Drewry

Em comunicado datado de ontem, o Sindicato dos Estivadores e da Actividade Logística (SEAL) anunciou uma nova greve dos seus associados ao trabalho suplementar entre 13 de Agosto e 10 de Setembro, essencialmente motivada pelo que o sindicato chama de “práticas anti-sindicais” nos portos de Leixões e Caniçal (Madeira).

De acordo com o sindicato, a greve é uma reacção ao que designa de “retaliação” das entidades patronais dos estivadores dos portos de Leixões e Caniçal, que decidiram dar sem efeito o acordo assinado em 28 de Junho com os representantes dos trabalhadores na sequência da greve ao trabalho suplementar de 24 horas decretada pelo SEAL para os dias 27 e 28 de Julho.

No mesmo comunicado, o SEAL fez um balanço dessa greve, que terá tido um “impacto significativo em oito dos mais movimentados portos nacionais, como são os portos de Leixões, Figueira da Foz, Lisboa, Setúbal, Sines, Caniçal, Ponta Delgada e Praia da Vitória”. Diz o sindicato que a greve “teve a adesão total de 100%” dos seus associados, “abrangendo assim os 530 trabalhadores sindicalizados no SEAL”.

Segundo o SEAL, “as operações portuárias pararam a 100% na Figueira da Foz, Lisboa, Setúbal e Praia da Vitória” e nos portos de Leixões e do Caniçal, “onde as perseguições aos sócios do SEAL são constantes e mais significativas, os efeitos da greve declarada foram sentidos apenas parcialmente como resultado do colaboracionismo expresso pelos sindicatos locais que, naturalmente, furaram a nossa greve de solidariedade (…)”.

Ao anúncio da nova greve anunciada pelo SEAL para Agosto e Setembro já respondeu, com ironia, a Associação dos Agentes de Navegação de Portugal (AGEPOR). “Desta vez é trata-se da liberdade sindical. Em Lisboa há liberdade sindical, nos outros portos é que não. Mas é também sobre a coacção aos trabalhadores. Estes em Lisboa são livres de trabalhar quando o SEAL decreta uma greve. Em Lisboa não há coacção sindical sobre os trabalhadores, nos outros portos é que sim”, refere a AGEPOR.

A associação lembra igualmente que “Lisboa perdeu 31,2% de escalas nos últimos 10 anos, perdeu 37,1% nos últimos 15 anos”. “E o que tem feito o SEAL para defender o trabalho dos seus membros? Decreta greves”, reage a AGEPOR. Comentando os 120 pré-avisos de greve nos últimos 10 anos, a associação ironiza que “menos navios vão trazer trabalho mais remunerado, menos carga vai trazer mais postos de trabalho”, acrescentando que “tudo vai caminhando para menos, mas assim se assegura o futuro dos estivadores de Lisboa”.

 



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