Primeira ocorrência de sempre na costa portuguesa durante o Inverno
caravela portuguesa

Na passada segunda-feira, 1 de Fevereiro, foi avistada uma caravela portuguesa (Physalia physalis) na Praia do Guincho por uma observadora voluntária, de acordo com o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA). A mesma pessoa que detectou o exemplar já tinha avistado outro no dia 11 de Janeiro e comunicou-o ao IPMA, que comprovou a situação graças a uma fotografia da observadora.

Segundo referiu ao nosso jornal Antonina Santos, Directora do Departamento do Mar e Recursos Matinhos do IPMA, “foi um fenómeno raro e interessante do ponto de vista científico, porque foi a primeira vez, desde que há registos, que esta espécie surgiu na costa portuguesa no Inverno”.

A estranheza do fenómeno relaciona-se com o facto de se tratar de uma espécie tropical, própria de águas quentes e com raras presenças na costa da Península Ibérica. Em Portugal, quando surgem, é na costa algarvia e no Verão, nos meses de Julho e Agosto. Com mais frequência são avistadas nos Açores e Madeira, segundo o IPMA.

Em termos Ibéricos, o IPMA refere que a ocorrência de Janeiro foi a primeira de sempre naquele mês e a de Segunda-feira foi uma das poucas alguma vez registadas no mês de Fevereiro. Face a esta dupla ocorrência em menos de um mês na Praia do Guincho, Antonina Santos referiu-nos que “o IPMA está a monitorizar a situação e estamos a estudar o fenómeno”, que poderá estar relacionado com as alterações climáticas e o seu efeito na temperatura dos oceanos.

Muito semelhante a uma medusa (alforreca) “devido ao seu aspecto gelatinoso”, com a qual se confunde, conforme refere o IPMA, esta espécie “apresenta longos tentáculos providos de umas estruturas venenosas, os cnidócitos, que libertam um veneno forte, quando em contacto com outros organismos” Segundo informa o IPMA “as toxinas libertadas por estes organismos causam reações cutâneas e dor intensa, mesmo quando os organismos já se encontram mortos”, pelo que é aconselhável “que os utilizadores das praias mantenham a distância” e não toquem nos organismos. Antonina Santos confirmou-nos mesmo que “os tentáculos permanecem activos mesmo depois de morto o organismo”.



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