Depois da associação de transporte marítimo BIMCO e outras entidades terem alertado para o risco de ruptura global no abastecimento de combustível marítimo se a Organização Marítima Internacional (IMO, da sigla em inglês) adoptar o limite de 0,5% no teor de enxofre admitido no combustível para navios em 2020, investigadores finlandeses e norte-americanos revelaram que o adiamento dessa medida por cinco anos significará a morte prematura de cerca de 200 mil pessoas devido a vapores tóxicos, principalmente nas comunidades costeiras de países em desenvolvimento.
De acordo com um estudo sobre o impacto dessa medida na saúde das populações, os investigadores concluíram que a sua implementação na data prevista evitará 134.650 mortes prematuras na Ásia, 32.100 em África e 20.800 na América Latina. Em causa está o adiamento até 2025, se a IMO não dispuser de dados suficientes para tomar a decisão relativamente a 2020 na próxima reunião do seu Comité para a Protecção do Ambiente Marinho (Marine Environment Protection Committe, ou MEPC, em inglês), este mês.
Os fuéis pesados para navios são altamente nocivos para a saúde e têm um teor de enxofre bastante acima do permitido para os veículos na Europa. Além disso, a elevada emissão de enxofre provocada pela indústria do transporte marítimo levou a IMO, por unanimidade, em 2008, a exigir que a partir de 2020 todos os navios utilizem combustíveis com um teor de enxofre não superior a 0,5%.
A execução da medida, porém, ficou dependente de informações sobre a disponibilidade das refinarias e do combustível nessa data. Um estudo de Agosto encomendado pela IMO, citado em diversos meios de comunicação, aponta no sentido de que em todos os cenários considerados haverá suficiente combustível limpo para os navios em 2020. Ao contrário do que agora defenderam a BIMCO e, segundo alguns meios de informação, a IPIECA (International Petroleum Industry Environmental Conservation), uma associação global da indústria de petróleo e gás para assuntos ambientais e sociais, que sustentam o adiamento da entrada em vigor da medida.
Para as organizações não governamentais Seas at Risk e Transport & Environment (T&E), ambas observadoras na IMO, qualquer adiamento da implementação da medida seria “inaceitável e injustificável”. Bill Hemmings, director da T&E, afirmou que “quer o estudo sobre a saúde, quer o estudo sobre a disponibilidade do combustível limpo tornam claro que a data de 2020 deve ser respeitada; as refinarias e as indústrias do transporte marítimo já tiveram oito anos para se prepararem e ainda têm mais alguns anos antes da implementação final, em 2020; já não há desculpas para uma inércia mortal”.
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