A empresa de análise sobre transporte marítimo Vessels Value fez uma avaliação sucinta do efeito da imposição recíproca de taxas sobre importações entre a China e os Estados Unidos e concluiu, sem surpresa, que existirão prejuízos no mercado desta indústria, sem enjeitar a possibilidade de oportunidades em alguns segmentos.
Desde o levantamento das restrições à exportação de crude norte-americano, em Dezembro de 2015, que a China emergiu como principal destino dessas importações. Com a eventual aplicação de taxas chinesas a este produto, exportado em very large crude carriers (VLCC, ou petroleiros com um porte bruto, ou deadweight tonnage, entre 180 mil e 320 mil toneladas), estes navios serão prejudicados no transporte.
Isto porque sendo prejudicados com as taxas, os produtores norte-americanos tenderão a enviar o crude para outros mercados, designadamente na Bacia do Atlântico e na Europa, favorecendo o transporte por navios de tipo Aframax (petroleiros com porte bruto entre 80 mil e 120 mil toneladas), menores do que os VLCC, que ficam prejudicados com este contexto comercial.
Para a Vessels Value, “as restrições ao comércio destroem valor à economia a longo prazo, mas no caso do transporte marítimo, os efeitos são quase imediatos”. Uma guerra comercial entre a China e os Estados Unidos reduzirá a procura de produtos agrícolas, petróleo, materiais recicláveis e outros granéis, criando uma distorção geradora de vantagens e desvantagens. Mas cujo efeito será provavelmente o embarque de menos produtos e preços mais altos para os consumidores finais.
Segundo a analista, os preços das matérias-primas dos Estados Unidos serão reduzidos para encorajar o seu consumo noutros mercados, mas este efeito sobre o transporte marítimo permanece por conhecer devido à sazonalidade dos embarques no mercado dos granéis sólidos.
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