A substituição dos combustíveis pesados (heavy fuel oil, ou HFO) por combustíveis mais seguros é a única “atitude racional” a tomar pelos operadores de transporte marítimo no Árctico, conclui um relatório elaborado e divulgado este mês pelo International Council on Clean Transportation (ICCT).
O documento intitula-se «Alternativas à utilização de combustível pesado no Árctico: compensações económicas e ambientais» e foi patrocinado pela European Climate Foundation, que é membro da Clean Arctic Alliance.
Ali se comparam os impactos económicos e ambientais de uma troca de HFO por combustíveis alternativos, como o gás natural liquefeito (GNL), na sequência de rumores de que tal conversão seria mais onerosa do que a manutenção do uso de combustíveis pesados.
A principal conclusão, porém, vai no sentido de que a frota mercante do Árctico terá benefícios financeiros significativos se substituir os HFO por GNL, combustíveis de baixo teor de enxofre e destilados entre 2020 e 2025.
Tal conversão representaria um custo estimado entre 9 e 11 milhões de dólares (valores de 2015) se considerássemos toda a frota do Árctico que usa HFO e outros óleos e misturas residuais com um teor de encofre inferior a 0,5% e um horizonte temporal a partir de 2020.
Mas significaria também uma poupança de 100 milhões de dólares em despesas resultantes de uma limpeza de um derrame de HFO, geralmente pagas pelas seguradoras, mas com fundos suportados pelos armadores e carregadores.
Actualmente, o HFO é um combustível mais barato, mas muito mais poluente. Neste caso, a emissão de partículas é originada maioritariamente pela combustão incompleta de combustível com elevada viscosidade, como é o HFO.
Embora admita que o custo do GNL seja mais barato do que os HFO e outros óleos residuais em 2020 e 2025, o relatório admite que o preço da conversão seja elevado no curto prazo. Mas “não está fora de questão que a conversão dos navios para GNL se faça se o preço do GNL se mantiver baixo e os armadores aceitarem um período de retorno”, refere o relatório.
Os autores concluem também que “proibir o uso e transporte de HFO oferece uma solução a curto prazo que reduz imediatamente os riscos associados ao uso e transporte de HFO como combustível marítimo”.
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