Apostar no Médio Oriente e no sul da Ásia pode ser a resposta
Drewry

As exigências de menores custos no movimento de mercadorias em portos por parte do transporte marítimo pode estar a colocar em risco futuros investimentos portuários, segundo revela um recente relatório (Ports and Terminals Insight) da consultora Drewry.

Segundo o documento, navios maiores, riscos acrescidos devido a alianças cada vez maiores entre os armadores e abrandamento da economia mundial juntam-se às exigências do shipping na criação daquilo a que a consultora chama “a tempestade perfeita” no sector portuário.

De acordo com Neil Davidson, analista da Drewry, os modelos da consultora mostram que os operadores de terminais portuários terão que aprender a viver com despesas de capital e custos operacionais entre 10% e 20% acima dos valores actuais.

Os resultados financeiros dos terminais portuários analisados revelam debilidades nas receitas orgânicas no seio de níveis crescentes de dívida, pelo que será necessário racionalizar custos e reduzir riscos para manter o interesse dos investidores, considera a consultora.

A Drewry entende que os operadores portuários podem dar alguns passos para enfrentar esta “tempestade perfeita”. Apostar no crescimento orgânico em locais de referência, como o sul da Ásia e o Médio Oriente, ou adquirir quotas de mercado comprando participações em diversos portos podem ser respostas.

A Ásia do sul parece ser a estrela do momento, com uma indústria tão dinâmica como era comum verificar-se até há algum tempo na China. E no Médio Oriente, grandes projectos infra-estruturais parecem surgir após o abrandamento recente provocado pela queda dos preços do petróleo.

A consultora recorda que a aquisição de participações em portos é uma forma de tentar superar o crescimento do mercado já seguida por vários grupos de operações de terminais portuários, como o Cosco Shipping Ports, a China Merchants Port Holdings e o Yildirim Group (Yilport Holdings). Todos adquiriram recentemente participações significativas no sector.

A Drewry admite que resistir à pressão do transporte marítimo é um desafio possível de enfrentar, embora muito dependente das condições de mercado locais e da extensão da opção por navios cada vez maiores e grandes alianças.

Em todo o caso, a consultora deixa um aviso sério aos transportadores. “As linhas de transporte marítimo precisam de ser cautelosas nesta situação, porque se o retorno do investimento nos terminais portuários cair significativamente ou os riscos aumentarem demasiado, ou se ambas as coisas ocorrerem, os investidores podem simplesmente deixar de investir nos portos”, refere Neil Davidson.



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