Portos do Mediterrâneo com maiores perdas
Portos

A produtividade nos 30 principais portos do mundo caiu 7,5% nos últimos dois anos, de acordo com a IHS Markit, uma empresa internacional de análise de mercado. Além disso, segundo a empresa, que avaliou os dados entre o primeiro semestre de 2014 e o primeiro semestre deste ano em 74 por cento dos principais portos mundiais, “em portos de várias regiões do mundo existem níveis preocupantes de declínio”.

As maiores quebras registaram-se nos portos do Mediterrâneo, que combinaram aumentos médios de tempos de navegação (entre a chegada aos limites do porto e a atracagem) de 4.2 para 8.3 horas, com 12 por cento de perda nos cais, tudo resultando em 23 por cento de diminuição na produtividade portuária.

A única região em que os principais portos registaram melhorias foi na Europa do Norte (a produtividade aumentou 7 por cento), muito devido à redução dos tempos de navegação (entre a chegada aos portos e a atracagem) de 6.9 para 4.9 horas.

A análise revelou que esse declínio de 7,5% na produtividade portuária acrescentou pouco menos de duas horas nas escalas de cada um dos 30 portos mais importantes, o que “acrescenta vários milhões de dólares aos custos dos operadores dos navios em combustível suplementar, num momento em que os lucros são ilusórios”.

O mesmo estudo mostrou também que existe um grande desperdício de tempo entre as chegadas a um porto e a conclusão do processo de atracagem. “Em 25 mil escalas analisadas nos 30 principais portos mundiais na primeira metade de 2016, o tempo médio de espera variou conforme as regiões, entre 0.4 horas, na América do Norte, e gritantes 7.3 horas no Mediterrâneo, com uma média global de 4.7 horas de tempo perdido por escala de navio”.

“Por cada hora a menos gasta num porto, pode poupar-se combustível ao reduzir a velocidade no trajecto seguinte”, refere Andy Lane, da CTI Consultancy, parceira da IHS Markit na realização do estudo. O mesmo responsável entende que “mesmo com um objectivo generoso de três horas de espera por escala, podem ser eliminadas 1.7 horas em cada escala portuária e convertidas em navegação mais lenta, o que para as 400 mil escalas anuais do sector” pode significar um valor adicional aproximado de 900 milhões de euros.

Numa análise prévia da IHS Markit, verificou-se que uma melhoria de cinco por cento na produtividade operacional (entre o primeiro e o último contentor movimentado) tem potencial para reduzir globalmente os custos de combustível dos navios em cerca de 450 milhões de euros por ano.

Para os autores da análise, a maioria das quebras verificou-se 2015, com uma ligeira retoma na primeira metade de 2016, mas insuficiente para recuperar os níveis de eficiência registados em 2014. Os mesmos responsáveis atribuem este fraco desempenho “à apatia e à falta de reconhecimento do valor potencial de alcançar melhoramentos na produtividade”. E sugerem reduzir custos a partir da melhoria da produtividade nos portos e da eficiência na rede de transporte. No entanto, são processos complexos que implicam alterações de comportamento, quer dos operadores portuários, quer nas companhias de navegação.

 



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