Os portos comerciais do continente movimentaram 77,3 milhões de toneladas de carga entre Janeiro e Outubro deste ano, o valor mais elevado de sempre face aos períodos homólogos e mais 3,6% do que no mesmo período de 2015, refere um relatório da Autoridade da Mobilidade e dos Transportes (AMT), com base em dados fornecidos pelas administrações portuárias.
Este resultado assenta, essencialmente, no desempenho do porto de Sines, que movimentou cerca de 42,1 milhões de toneladas (+5,3 milhões de toneladas do que no período homólogo de 2015), o equivalente a 54,5% do total da carga movimentada nos portos continentais.
De acordo com a AMT, o movimento do porto de Sines “absorveu integralmente a quebra de -2,7 milhões de toneladas decorrente das variações negativas apuradas em Leixões (-2,2%), Lisboa (-15,6%), Setúbal (-6%), Aveiro (-6,3%), Viana do Castelo (-12,8%) e Faro (-52,5%)”, deixando um acréscimo líquido global de 2,7 milhões de toneladas.
Imediatamente atrás de Sines ficou o porto de Leixões (19,6% do total da carga movimentada), seguido dos portos de Lisboa (10,5%), Setúbal (7,7%), Aveiro (4,8%), Figueira da Foz (2,2%), Viana do Castelo (0,4%) e Faro (0,2%). O porto da Figueira da Foz foi o único, além do de Sines, que registou um aumento de carga movimentada neste período, que atingiu 1,7 milhões de toneladas (+2,2% do que no mesmo período de 2015).
A AMT concluiu também que “a Carga Geral assume a quota-parte mais significativa do volume total, representando 42,3%, seguida dos Granéis Líquidos, com 38,1%, e dos Granéis Sólidos, 19,6%” e que “o porto de Sines detém a maior quota de mercado em todas as tipologias de carga”, com 50,3% na Carga Geral, 31,8% nos Granéis Sólidos e 70,7% nos Granéis Líquidos.
A mesma entidade entende ainda que “a significativa retracção do mercado de Carvão, por efeito de menor necessidade de produção de energia nas centrais termoelétricas, dado a significativa importância de que se tem revestido a produção de energias renováveis, nomeadamente de origem hídrica e eólica” condicionou o comportamento do mercado portuário nacional.
Os tipos de carga
O mercado das mercadorias teve desempenhos diversos. Registou-se um aumento na Carga Geral (+4,6%) e nos Granéis Líquidos (7,9%) e uma variação negativa nos Granéis Sólidos (-5,7%). Para este resultado, contribuiu o acréscimo de movimento da Carga Contentorizada (+10,2%) e do Petróleo Bruto (+26,6%), pela positiva, e o Carvão (-10,1%) e os Outros Granéis Sólidos (-4,3%), pela negativa.
A AMT entende também que “pela importância que traduzem para a economia em geral e exportações em particular, importa referir o comportamento dos mercados da Carga Fraccionada e dos Produtos Petrolíferos, que registaram quebras de -17,5% e -6,2%, respetivamente”.
O porto de Sines tem um peso especial no movimento de Carga Contentorizada, Carvão, Petróleo Bruto e Produtos Petrolíferos. Por seu lado, Setúbal é o porto que tem mais peso no movimento de Carga Fraccionada e nos Outros Granéis Sólidos, Leixões tem a maior quota na Carga Ro-Ro, Setúbal e Leixões dominam nos Minérios e Lisboa comanda nos Produtos Agrícolas. O mercado de Outros Granéis está bem repartido, considera a AMT.
Pela importância que têm no transporte multimodal e marítimo, os contentores merecem uma referência especial. Nesta matéria e no período em análise, os portos do continente registaram um volume de 1,4 milhões de unidades (+0,5% do que no período homólogo de 2015) e ultrapassaram 2,2 milhões de TEU (+1,9%).
Para este resultado, contribuíram os aumentos em TEU movimentadas nos portos de Leixões (+5,1%), Sines (+8%), Setúbal (+34,3%) e Figueira da Foz (+14,4%). Embora com uma quebra (-26,3%), o porto de Lisboa “vem recuperando mensalmente desde Maio, altura em que a quebra do volume de TEU era superior à actual em 12,5 pontos percentuais”, refere a AMT.
As escalas
A AMT refere igualmente que estes portos registaram “9.044 escalas de navios de diversas tipologias, incluindo os navios de cruzeiro, reflectindo uma quebra de -0,7%, a que correspondeu uma arqueação bruta (GT) global superior a 166,5 milhões, que traduz um acréscimo de +3,6%, face ao mesmo período de 2015”.
Tal diminuição decorre “da quebra registada no porto de Lisboa” (-339 escalas), “correspondente a -15,2%, apoiada pelas variações também negativas de Aveiro, -1,3%, Faro, -54,9%, e Portimão, -28,1%, que anularam as variações positivas registadas em Viana do Castelo (+6,7%), Figueira da Foz (+5,3%), Setúbal (+7,5%) e Sines (+12,2%, que determina o número mais elevado de sempre nos períodos homólogos)”.
A AMT acrescenta que “o volume global de arqueação bruta mantém o valor mais elevado de sempre nos períodos homólogos, por efeito do comportamento dos portos de Aveiro e Sines, que registaram variações de +7,9% e +17,3%, respectivamente” e que nos portos de Figueira da Foz, Setúbal e Portimão também “foram apuradas variações positivas de +9,2%, +5,8% e +5,6%, respectivamente”.
De acordo com mesmo relatório, “a quota mais elevada do número de escalas cabe ainda aos portos de Douro e Leixões, que representam 25,2% do total, seguidos de Sines, com 22,4%, de Lisboa, com 20,8% e Setúbal, com 14,4%”.
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