A Administração do Porto de Lisboa (APL) apresentou uma candidatura à organização, em 2018, da Sea Trade Cruise Med, uma das mais importantes feiras internacionais de turismo, anunciou Lídia Sequeira, presidente do Conselho de Administração da APL. De acordo com esta responsável, a candidatura foi reforçada com cartas de conforto da ministra do Mar, do presidente da Câmara Municipal de Lisboa, do presidente do Turismo de Portugal e do presidente da Associação de Turismo de Lisboa.
O anúncio foi feito durante um debate dedicado ao «Turismo Marítimo – Uma Nova Dinâmica», no âmbito de um ciclo promovido pela APL sob o mote O Futuro Hoje, para celebrar o Dia do Porto de Lisboa.
Segundo apurámos, só em Março é que será conhecido o resultado, mas reina o optimismo na APL sobre este assunto. Se a candidatura vencer, isso significa que em 2018, durante três dias, Lisboa irá acolher cerca de 200 expositores e entre quatro e cinco mil pessoas associadas ao evento, incluindo armadores e representantes de autoridades portuárias de todo o mundo.
Na ocasião, Lídia Sequeira aproveitou para recordar o peso do porto de Lisboa na economia. Segundo afirmou, em 2014, o peso directo do porto de Lisboa, medido pelo valor bruto da produção, foi de cerca de 1.560.468 milhares de euros e o Valor Acrescentado Bruto (VAB) foi cerca de 349.261 milhares de euros. No mesmo ano, o porto de Lisboa envolveu a actividade de 572 empresas e 6.631 trabalhadores.
A mesma responsável anunciou também que o porto de Lisboa foi escolhido para integrar, com mais três portos de outros três países de língua oficial portuguesa, o conjunto dos portos piloto que vão testar a Marca de Qualidade dos portos de língua oficial portuguesa no âmbito da Associação dos Portos de Língua Oficial Portuguesa (APLOP).
“Esta será uma oportunidade para testar a eficiência da gestão portuária e do trabalho portuário, bem como a eficiência dos procedimentos adequados à movimentação de mercadorias e ao desembarque de passageiros; e a extensão desta marca de qualidade a todos os portos do nosso país, posteriormente, será uma oportunidade de prestigiar os portos nacionais, a sua qualidade e a sua excelência”, referiu Lídia Sequeira.
Outras intervenções
Outro dos oradores, Ricardo Ferreira, CEO da Lisbon Cruise Terminal (LCT), a empresa privada que opera em regime exclusivo os três terminais de passageiros do porto de Lisboa, apresentou o novo terminal, que deverá estar concluído no primeiro trimestre de 2018 e representa um investimento de 24 milhões de euros que permanece dentro do previsto. Ricardo Ferreira traçou o panorama do mercado mundial de cruzeiros, que deverá “ter um crescimento exponencial até 2021”, ano em que deverão existir 31 milhões de cruzeiristas no globo.
Alexandra Pereira, Directora Coordenadora da Direcção de Formação do Turismo de Portugal, apresentou as escolas daquela entidade (12), que têm 3030 alunos em formação inicial e 3800 em formação contínua. Segundo afirmou, em 2015 a taxa de actividade (número de alunos que prosseguem os estudos e de alunos empregados) destes alunos foi de 86,8%. Cerca de 65,8% estão empregados e 21% prosseguiram os estudos. Além disso, 89,7% dos ex-alunos estão empregados no turismo e 83% estavam colocados três meses após o termo da sua formação no Turismo de Portugal.
A mesma responsável admitiu-nos que embora o Turismo de Portugal não tenha uma formação específica para o turismo marítimo, além de existir uma componente da formação existente que lhe pode ser aplicável, pode sempre prestar uma formação à medida, se lhe for solicitada, designadamente, pelas empresas. “Temos essa flexibilidade”, referiu Alexandra Pereira.
Igualmente presente esteve João Mendonça, CEO da Water X, empresa especializada em eventos náuticos para empresas e particulares. A par de uma apresentação da empresa, anunciou projectos para o futuro e apelou a que se edificassem mais pontões públicos que permitissem ligar as duas margens do Tejo e facilitassem o embarque e o desembarque de passageiros no contexto das actividades náuticas de turismo ribeirinho.
Entre os projectos futuros da empresa, destacou as embarcações Water X Speedcat, desenvolvidas para a região de Tróia e que deverão ser lançadas em 2017. Serão duas embarcações, para 18 pessoas, num segmento que designou de “fun com qualidade”. Falou também da ambição de incluir na frota uma embarcação totalmente eléctrica e na possibilidade de embarcações para hotelaria marítima (katamaran de 26 metros e 4 suites, para o segmento Premium, e para o qual procura investidores).
João Mendonça recordou igualmente que está em negociações com autarquias da área de Lisboa para a possibilidade da navegação da embarcação Water X Airboat, “que trouxe da Florida e é ideal para viajar em sapais”, em águas interiores.
A última intervenção coube a Carla Russo, arquitecta e representante da Câmara Municipal do Seixal (CMS), “o único município ribeirinho da margem sul que oferece condições para a náutica de recreio”, referiu, recordando os 38 quilómetros de extensão da Baía do Seixal no estuário do Tejo. Na sua apresentação traçou um quadro exaustivo das potencialidades náuticas e turísticas do concelho e referiu a requalificação em curso do núcleo urbano (incluindo o passeio ribeirinho), que é alvo de um investimento de 2,1 milhões de euros.
- Os Portos e o Futuro
- Sines não vai salvar nem a Alemanha nem a Europa…
- MAR: O Sucesso do Registo Internacional da Madeira
- Empesas de Reboque Marítimo: o drama de um mercado desvirtuado
- Registo da Madeira expande-se na Europa
- A evolução dos mercados e do transporte do Gás Natural Liquefeito
- A reduzida Marinha Mercante Portuguesa e a falta de ambição Marítima
- A transformação do «Shipping» e da Logística