Após a recente ampliação, o Canal do Panamá poderá receber 90 por cento da frota mundial de navios tanque que transportam Gás Natural Liquefeito (GNL) até uma capacidade de 3,9 mil milhões de pés cúbicos, refere o World Maritime News. Até agora, apenas 30 por cento dos navios mais pequenos daquele tipo, com capacidade até 700 milhões de pés cúbicos, podiam atravessar o canal.
A partir de agora, graças às novas eclusas, que permitem aceder a uma via mais larga, apenas os 45 maiores navios de transporte de GNL, com uma capacidade entre 4,5 mil milhões e 5,7 mil milhões de pés cúbicos (os Q-Flex e os Q-Man, usados para exportações do Qatar) não poderão cruzar o canal.
De acordo com a US Energy Information Administration (EIA), uma entidade norte-americana responsável pela recolha, análise e divulgação de informação sobre o mercado energético, a navegação pelo Canal do Panamá permite agora reduzir consideravelmente o tempo e os custos do transporte marítimo do GNL entre os Estados Unidos (costa do Golfo do México) e os mercados norte-asiáticos.
Para se ter uma noção da importância deste elo entre Estados Unidos e os mercados norte-asiáticos (China, Japão, Taiwan e Coreia do Sul), basta reter que, segundo a EIA, em 2020, o Estados Unidos deverão ser o terceiro maior produtor mundial de GNL, depois da Austrália e do Qatar.
Os navios que demoravam 34 dias (pelo extremo sul africano), ou 31 (pelo Canal de Suez), entre a costa do Golfo do México e Japão, e podem agora optar pelo Canal do Panamá, ganham 20 dias no trajecto. As viagens para a Coreia do Sul, China e Taiwan também passam a ser mais curtas. Estes quatro países asiáticos representam cerca de 2/3 das importações mundiais de GNL.
De acordo com a EIA, os trajectos entre a costa do Golfo do México a América do Sul também passam a demorar menos. De 20 dias, as viagens passam para 8 a 9, se forem rumo aos terminais de regaseificação no Chile, e de 25 dias passam a demorar 5, para os terminais de prospecção na Colômbia e no Equador.
A EIA refere também que o custo de um navio de transporte médio de GNL, com capacidade até 3,5 mil milhões de pés cúbicos, é de 0.18 euros por MMBtu (milhão de unidades térmicas britânicas, unidade que mede a quantidade de energia necessária para elevar a temperatura) numa viagem de ida e volta pelo Canal do Panamá, ou seja, entre 9 a 12 por cento do custo de uma viagem de ida e volta em países do norte da Ásia.
Numa viagem entre a costa do Golfo do México e países da Ásia do norte, através do Canal do Panamá, esse custo é substancialmente menor do que o de o de uma viagem para o mesmo destino via extremo sul de África ou Canal do Suez. E pode ter alguma redução para países do Sudeste Asiático (Malásia, Tailândia, Singapura, Indonésia), conforme os tempos de trânsito.
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