Os portos do Continente movimentaram um volume de 54,7 milhões de toneladas de carga entre nos primeiros sete meses do ano (Janeiro a Julho, inclusive), menos 2,3 milhões (ou -4,1%) do que em igual período do ano anterior, revela a Autoridade da Mobilidade e dos Transportes (AMT). A AMT, no entanto, destaca que em Março essa quebra era de -10,8%, pelo que os -4,1% actuais representam, segundo aquela entidade, uma tendência para recuperar.
Para a AMT, conforme se lê no relatório publicado, “as cargas que maior responsabilidade têm neste comportamento negativo do mercado portuário são a Carga Contentorizada, o Carvão, a Carga Fraccionada e os Produtos Petrolíferos”, que “registaram quebras significativas de, respectivamente, 1,17 milhões de toneladas (-5,5%), de -657 mil toneladas (-26,6%), de -336,9 mil toneladas (-9,7%), e -222,5 mil toneladas (-2,2%)”.
“As únicas cargas que registaram comportamentos positivos no período em análise foram a carga Ro-Ro que, embora com uma quota de apenas 1,7%, cresceu +18,4%, os Produtos Agrícolas, que (destacando a natureza provisória dos dados) registaram uma variação positiva de +6,9%, e os Outros Granéis Sólidos, que registaram um acréscimo de +7,5%”, refere a AMT.
Numa comparação face ao movimento portuário não dos últimos sete meses, mas dos últimos 12, a AMT revela que “foram movimentadas 93,6 milhões de toneladas e a variação face a idêntico período imediatamente anterior é de -4,1%” idêntica à dos últimos sete meses reflectindo comportamentos negativos em todos os mercados de carga com excepção da Ro-Ro, Produtos Agrícolas, Outros Granéis Sólidos e Produtos Petrolíferos”.
Regressando aos últimos sete meses, e observando o movimento por porto, a AMT refere que entre aqueles com comportamentos positivos, “destacam-se Leixões, Aveiro e Figueira da Foz que registam crescimentos de +1,4%, +0,6% e +2,2%, respectivamente, conferindo-lhes a manutenção das melhores marcas de sempre nos períodos homólogos, independentemente do facto de no próprio mês de julho, por comparação a mês homólogo, os portos de Aveiro e Figueira da Foz terem registado um recuo de -7,4% e de -13,6%”.
De acordo com a AMT, o porto de Sines “tem sido o principal responsável pelo comportamento global negativo”, embora tenha registado “no próprio mês de Julho uma variação homóloga positiva de +3,6%, ficando, no entanto, em valores acumulados a -8% dos valores homólogos de 2017”.
Face à sua importância, importa sublinhar que neste período a carga contentorizada (quase 20 milhões de toneladas no total dos portos) registou “um recuo de ‑5,5%”, essencialmente devido ao comportamento do segmento de Contentores, que obteve “uma quebra de -5,1% no número de Unidades e de -5,6% no volume de TEU, fixando-se ligeiramente acima dos 1,7 milhões”, referiu a AMT. Um segmento com registo negativo na maioria dos portos, com excepção de Leixões.
Mais uma vez, a tendência negativa neste segmento está directamente relacionada com o desempenho do porto de Sines, que “condiciona, naturalmente, o comportamento global ao perder 80 mil TEU (‑7,5%)”, refere a AMT. Sem prejuízo da importância das perdas verificadas nos portos de Lisboa (-20 mil TEU), Figueira da Foz (-2,4 mil TEU) e Setúbal (-1,6 mil TEU), revela a AMT.
“No período em análise o volume de embarques, incluindo as operações subjacentes ao transhipment representaram 40,9% e registou uma quebra de -6% relativamente ao período Janeiro-Julho de 2017, enquanto o volume de desembarques, tendo representado 59,1%, registou uma quebra de -3,9%”, refere também a AMT.
A AMT observa também o movimento dos navios que escalaram os portos do Continente, “independentemente das operações que efectuaram e da sua tipologia, que inclui nomeadamente os navios de cruzeiro de passageiros”, registando que “apresenta uma tendência de crescimento nos períodos Janeiro-Julho desde 2008 de +0,5% ao ano, em termos do número das escalas, subindo para +1% no período mais recente de cinco anos”. “O cruzamento destes indicadores reflecte o aumento crescente da dimensão média e capacidade de carga dos navios que escalam os portos nacionais”, diz a AMT.
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