Maersk

A Maersk Line poderá adquirir as empresas sul-coreanas Hanjing Shipping, acualmente em processo de falência, e a Hyunday Merchant Marine (HMM), em processo de reestruturação de dívida, de acordo com uma análise do banco de investimento Jefferies International basada em informações da Bloomberg, citada pelo Ship & Bunkers New Team.

A favor deste cenário são adiantados vários argumentos. Um é a subida de 6% no valor das acções da HMM, na sequência de relatos de que estavam disponíveis navios da sua rival Hanjin. O facto pode também estar relacionado com uma subida de 26% no valor das acções da Hanjin.

Outro argumento favorável a esta possibilidade é o facto de a Hanjing Shipping e a HMM terem uma presença relevante nas rotas transpacíficas, que são a principal fragilidade da Maersk, segundo a Bloomberg. Até pelo posicionamento geográfico, os activos da Hanjing Shipping e da HMM estão mais vocacionados para essas rotas, que a Maersk poderia estar interessada em absorver.

Além disso, a Maersk não deixará de querer influenciar o mercado, até porque já este ano, a CMA CGM adquiriu a NOL, de Singapura, e a própria empresa já demonstrou intenção de ganhar quota de mercado por via do crescimento orgânico e de aquisições, tendo no entanto excluído o crescimento por via de novas encomendas de navios.

Soren Soku, CEO da Maersk Line, terá apelado no ano passado, na sequência de uma queda no valor dos fretes e num quadro excedentário de oferta de transporte marítimo, à consolidação no mercado dos porta-contentores. Na última semana, o mesmo responsável admitiu crescer organicamente pela aquisição de tonelagem já existente, até porque, afirmou, “já existem navios suficientes no mundo”.

Por outro lado, David Kerstens, analista da Jefferies International, considerou que “a Maersk, enquanto líder de mercado, irá certamente participar na consolidação do mercado de porta-contentores, terão de o fazer”. O analista considerou também que para a Maersk, “as opções são bastante limitadas”.

E porquê? Num contexto internacional de consolidação de empresas de transporte marítimo de mercadorias, especialmente por porta-contentores, muitas companhias já estão comprometidas com alianças ou controladas por famílias ou Governos. Kerstens entende que neste contexto, “o cenário mais provável é que a Maersk adquira os activos da Hanjing e da HMM”.

Mas a Bloomberg recorda que a Maersk enfrentará fortes desafios. Segundo afirma, uma operação deste tipo não é bem vista na Coreia do Sul por motivos de natureza nacionalista. A agência recorda que o Governo sul-coreano tem apoiado a tentativa de recuperação da HMM, num movimento a que não será alheia alguma vontade de a transformar na transportadora nacional. E na Hanjing Shipping também ecoarão vozes pouco favoráveis à venda à Maersk.

 



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