Navios desviados de Valência e Algeciras terão beneficiado porto português e porto marroquino. Todavia, há quem entenda que Barcelona também ganhou com o conflito e que o crescimento de Sines não derivou tanto da perda dos portos espanhóis como de novas estratégias dos armadores
Porto de Sines

O conflito laboral do Governo espanhol com os estivadores no primeiro trimestre terá aproveitado aos portos de Sines e Tânger Med (Marrocos), que terão captado um tráfego de 256 mil TEU nesse período, segundo refere o jornal espanhol Transporte XXI na sua última edição, de 15 de Maio.

De acordo com o jornal, o porto de Sines teve um crescimento de 60% no tráfego de contentores, alcançando um volume de 494 mil TEU (414,3 mil TEU, mais 67,7% do que no período homólogo de 2016, segundo dados da Autoridade da Mobilidade e dos Transportes de Portugal). Já o porto de Tânger Med crescia 10% no movimento de contentores, para 765.647 TEU, face ao mesmo trimestre de 2016, refere o jornal.

O conflito laboral com os estivadores espanhóis afectou sobretudo os portos de Algeciras, que perdeu 14,2% do seu movimento de contentores (registando 998.339 TEU), e Valência, que perdeu 5,9% desse tráfego (registando 1.087.571 TEU), segundo refere o jornal relativamente ao período em análise. No mesmo período, o porto de Barcelona crescia 35,8%, para 670.229 TEU, “beneficiando dos desvios provenientes de Valência”, refere o jornal.

O mesmo meio de comunicação refere que a única empresa que explicou publicamente as suas perdas geradas por este conflito foi a Maersk (12 milhões de euros, além da perda de clientes, e 73 navios desviados do seu destino – Algeciras – para fora do sistema portuário espanhol).

De acordo com o jornal, citando números da Maersk, os navios desviados terminaram em Tânger Med, Sines e Port Said (Egipto). No entanto, no sector, divergem as opiniões sobre o destino final dos volumes perdidos pelos portos de Algeciras e Valência. Para uns, o tráfego da MSC de Valência, por exemplo, não foi para Sines ou Gioia Tauro (Itália), “ambos portos congestionados e sem muita capacidade”, mas sim, em certos momentos, para Barcelona.

Outros, designadamente operadores de terminais portuários em Espanha, sublinharam ao mesmo jornal que “o crescimento de Sines é de tráfego novo, gerado pelos volumes leste-oeste e norte-sul, não apenas de tráfego desviado de portos espanhóis, já que este tratou de se direccionar localmente sem aumentar a deslocalização de carga, uma vez que isso significaria aumentar a factura de transportes dos clientes”.

 



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