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A Infra-Estruturas de Portugal (IP) anunciou o lançamento de um concurso para a realização de estudos relativos às acessibilidades rodo-ferroviárias ao futuro Terminal de Contentores do Barreiro, conforme publicado em Diário da República.

O concurso tem um preço base de 600 mil euros e envolve duas fases: a primeira envolve levantamentos topográficos, estudo de tráfego, estudo de viabilidade ambiental e estudo de viabilidade (150 mil euros); a segunda envolve prospecção geotécnica com mapa de quantidades de geotecnia, estudo prévio e estudo de impacte ambiental (450 mil euros).

De acordo com o publicado, as acessibilidades em questão visam assegurar as ligações terrestres a um futuro terminal de contentores do Barreiro, considerando a ligação ferroviária à Linha do Alentejo e a ligação rodoviária ao Itinerário Complementar IC 21 (A39).

As candidaturas deverão ser apresentadas até ao dia 17 de Janeiro e o vencedor deverá posteriormente executar o contrato no prazo de 180 dias.

 

Mais um passo em frente

 

Num encontro público em Outubro, conforme demos conta neste jornal, o Director de Planeamento Ferroviário da IP, Mário Fernandes, fez uma apresentação sobre estas acessibilidades na qual projectava que em 2048, o tráfego de contentores possa alcançar os 2,1 milhões de TEU no terminal do Barreiro. Afirmou que a IP tem “capacidade na Linha do Alentejo para acomodar o tráfego expectável de 525.000 TEU/ano (25% da procura prevista)” e que há capacidade no IC21 para acomodar o tráfego expectável de 1.575.000 TEU/ano (75% da procura prevista).

De acordo com Mário Fernandes, “a IP assegura a ligação (last mile) ao Terminal de Contentores do Barreiro (TCB)”, sem inviabilizar infra-estruturas previstas e por construir e considera que a solução será suportada pelo Modelo de Negócio do concessionário do TCB. Os estudos para os quais agora a IP anunciou concurso deverão realizar-se entre Janeiro e Julho de 2017.

Este é mais um passo que permite, cada vez mais, admitir que um futuro terminal de contentores no Barreiro será uma realidade. Em Outubro, a presidente da Administração dos Portos de Lisboa, Setúbal e Sesimbra (APL), Lídia Sequeira, defendeu essa possibilidade no mesmo encontro e durante o qual foram apresentadas conclusões do Estudo Prévio e do Estudo de Impacto Ambiental (então em fase de ajustamento final) relativos a esse projecto e de que também demos conta. Segundo apurámos junto da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), o Estudo de Impacto Ambiental ainda ali não deu entrada até ao momento. A APA terá que se pronunciar sobre o mesmo para que o projecto possa avançar.

No mesmo encontro e também defensores do projecto estiveram, além da presidente da APL e de Mário Fernandes, um vogal da APL, Carlos Correia, técnicos da APL (Paula Sengo e José Rocha) e o presidente da Câmara Municipal do Barreiro (CMB), Carlos Humberto. Apesar disso, e face a várias questões colocadas pela audiência, ficou patente que o projecto é controverso e ainda levanta muitas incógnitas.

Mais recentemente, Luis Nagy, presidente executivo do Grupo ETE – Empresa de Tráfego e Estiva, admitiu ao jornal Expresso que um futuro terminal de contentores no Barreiro “faz todo o sentido” e “deve avançar sob a forma de uma concessão”. Adiantou também que o Grupo ETE tem interesse em colaborar com outros investidores (Lídia Sequeira afirmara em Outubro que seria sempre um projecto privado), designadamente estrangeiros, alguns dos quais já terão manifestado simpatia pela ideia.

Segundo informações vindas a público, o terminal de contentores do Barreiro será um investimento de 600 a 700 milhões de euros, sem os custos das acessibilidades, e estará operacional dentro de quatro anos, se tudo correr como previsto, admitiu a presidente da APL.



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