O Grupo ETE comemorou o seu 80º aniversário de olhos postos no designado Imposto de Tonelagem, sob pena, segundo Luís Nagy, Presidente do CA do Grupo, de assistirmos ao desaparecimento da Marinha Mercante nacional.

Luís Nagy, Presidente do Conselho de Administração do Grupo ETE, responsável pelo discurso oficial da comemoração dos 80 anos de um dos maiores grupos marítimos nacionais, com actividades que vão desde a operação portuária, área onde o grupo nasceu, até aos transporte marítimo de mercadorias e única empresa nacional a operar no transporte fluvial de mercadorias, construção e reparação naval ou agenciamento marítimo, entre outras, aproveitou o momento para, na presença da Ministra do Mar, na Paula Vitorino, voltar a insistir na importância crucial de se avançar com a introdução do designado Imposto de Tonelagem sob pena de assistirmos ao desaparecimento da Marinha Mercante Nacional.

Embora a Ministra do Mar já tenha anunciado tal medida estar já programada para entrada em vigor no início de 2017, afigurando ir-se adoptar uma legislação próxima da legislação holandesa nessa matéria, como Luís Nagy também reconheceu, o que também se sabe é que, até ao momento, para além do grupo de trabalho próximo de Ana Paula Vitorino, ninguém mais conhece quanto se está a efectivamente a preparar, como já testemunhou inclusivamente o Presidente da Associação dos Armadores que só hoje deverá ser recebido no Ministério do Mar para se inteirar da questão, o Presidente do Conselho de Administração do Grupo ETE, não se referindo a tal situação, não deixou porém de acentuar a importância crucial e a urgência de tal decisão num momento tao crítico como o actual.

Momento crítico não apenas em termos gerais mas, no caso específico, pela imperiosa necessidade que, mais cedo do que mais tarde, se irá impor de evolução dos actuais navios para novos tipos de propulsão, ambientalmente mais sustentáveis, obrigando assim a investimentos que as actuais circunstâncias tornam todavia inviáveis, não deixando de conduzir tendencialmente, se nada se alterar, ao desaparecimento da Mainha Mercante de bandeira nacional, não deixando de relembrar existirem já tão somente, neste momento, 7 navios em bandeira nacional, 5 dos quais inclusivamente do Grupo quando, no início dos anos 80, esse número ainda ascendia a 94 navios.

Sobretudo para quem não está tão dentro destes assuntos, o Presidente do Conselho de Administração do Grupo ETE não deixou igualmente de sublinhar não se estar a pedir nem subsídios do Estado nem privilégios especiais mas tão só condições idênticas a todos os parceiros comunitários onde a passagem ao designado Imposto de Tonelagem está há muito, salvo uma ou duas excepções, completamente realizada.

Em relação ao futuro, Luís Nagy não expandiu muito.

Lembrou, entre outros aspectos, o projecto de construção do novo cais fluvial em castanheira do Ribatejo, como já aqui noticiado, para possível transporte fluvial de carga, incluindo contentores, retirando entre 250 a 750 camiões por dia da estrada, mas nada referiu em relação às possíveis aproximações e eventual parceria com o Grupo Yidirim para exploração de novas oportunidades no transporte fluvial, bem como igual convergência de interesse na operação e exploração de eventuais possibilidades oferecidas pelo eventualmente futuro Porto do Barreiro, caso o projecto realmente avance, tal como ficou patente ao longo do Ciclo de Seminários promovidos recentemente pelo Porto de Lisboa, como aqui também foi dada notícia.

No que respeita à internacionalização, Luís Nagy não deixou, evidentemente, de salientar o facto de uma empresa do Grupo ter ficado classificada em primeiro lugar na qualificação técnica para a privatização da CABNAVE, em Cabo Verde, nem, muito menos, as operações que o Grupo está a realizar no Uruguai e na Colômbia, como também já demos alargada notícia aqui.

De qualquer modo, tratando-se dos 80 anos do Grupo, Luís Nagy não deixou, evidentemente, de rememorar um pouco a história do Grupo nascido com a Empresa de Tráfego e Estiva, não só para enaltecer a figura e visão do seu fundador, o Comandante Luís Figueiredo, introduzindo em Portugal o processo verdadeiramente inovador de de descarga de navios ao largo, permitindo assim o transporte de graneis em navios de grande porte, como até não era possível por falta de cais para atracarem, bem como a figura do seu filho, António Figueiredo, que não só transformou a empresa num verdadeiro Grupo como a manteve e expandiu, mesmo nos momentos mais difíceis e conturbados por pêlos quais Portugal foi passando ao logo das últimas décadas, até à terceira geração, os netos do fundador, Filipa Pacheco de Carvalho e Luís Figueiredo que, assumindo integralmente o património, a visão e a responsabilidade num momento também particularmente difícil, têm sabido dar um novo impulso e uma nova ambição ao, agora, já octogenário Grupo, reinvestindo permanentemente todos os respectivos lucros na sua modernização e expansão.

Dada a circunstância, a terminar, como não poderia deixar de ser, Luís Nagy, não deixou também de enaltecer e agradecer a todos os colaboradores não apenas a confiança que têm demonstrado mas também o excelente trabalho que têm vindo a realizar.



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