A crescente emigração clandestina do Magrebe para a Europa através do Mediterrâneo em embarcações sobrelotadas e sem quaisquer condições de segurança, levou já os armadores e outras associações internacionais de marítimos, a pronunciarem-se e a chamarem a atenção para o assunto uma vez, como afirmam, tornar-se insustentável continuarem a prestar a assistência que até aqui têm prestado.
Por regra, como se sabe, qualquer navio em trânsito tem por obrigação acorrer em socorro de situações de dificuldade ou mesmo naufrágio de terceiras embarcações no mar. Exactamente o que os navios da marinha Mercante têm repetidamente feito no Mediterrâneo. Todavia, quando as perdas atingem já números na ordem das 3 500 vidas humanas e os salvamentos de embarcações em risco ou já mesmo em naufrágio, obrigam ao acolhimento de um número tão elevado quanto na ordem de 500 pessoas numa só operação, com todo o tipo de riscos que tal acolhimento pode envolver, a ECSA, ETF, ICS e ITF apelam agora em nome dos seus associados para que a União Europeia e os respectivos Estados-Membros adoptem rapidamente novas soluções de busca e salvamento de forma a que a situação não se torne, de faco, tão insustentável quanto incontrolável.
Só em 2014, os navios das diversas marinhas mercantes recolheram mais de 40 mil emigrantes clandestinos, valores que se esperam virem a crescer ainda mais em 2015. Embora aceitem as responsabilidades de socorro a quem estiver em situação de perigo no mar, o que as várias associações também afirmam é não ser legítimo que a Comunidade Internacional descanse sobre essa mesma responsabilidade, não agindo urgentemente como se impõe que o faço de imediato.
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