A entrada em vigor da convenção sobre águas de lastro está a gerar preocupações entre os armadores que se alastram ao sector do transporte marítimo em geral. Está em causa o impacto técnico da aplicação da convenção nas operações dos navios
Convenção BWM

A cerca de três meses da entrada em vigor da Convenção Internacional para o Controle e Gestão das Águas de Lastro e Sedimentos (Ballast Water Management Convention, ou BWM), a International Association of Dry Cargo Shipowners (Intercargo) e a seguradora North P&I Club alertam para algumas implicações da medida susceptíveis de afectarem o funcionamento das operações dos navios, refere o World Maritime News.

Num documento proposto para debate na 71ª sessão do Comité de Protecção do Ambiente Marinho (MEPC 71) da Organização Marítima Internacional (IMO, na sigla em inglês), que se realiza de 3 a 7 de Julho, a Intercargo identifica vários efeitos potenciais relacionados com a adaptação dos sistemas de tratamento das águas de lastro às regras da convenção.

Um dos efeitos é a possível redução da capacidade para águas de lastro dos navios na sequência do processo de adaptação. Num caso desses, a North P&I Club considera que a descrição do navio deve ser corrigida em conformidade, de modo a reflectir a alteração do desempenho. Até porque os parceiros dos armadores podem alegar violação das garantias no caso de atrasos nas operações por causa do tempo necessário para a operação de tratamento das águas de lastro.

Um dos riscos é a impossibilidade de um navio corresponder à significativa exigência energética dos novos sistemas de tratamento das águas de lastro, como o recurso a electro-coloração ou ultra-violetas. Quando os navios não tiverem sido concebidos para essa eventualidade, a energia necessária para o tratamento das águas de lastro pode implicar menos energia disponível para as gruas utilizadas no embarque e descarga de mercadorias e com isso gerar atrasos no desenrolar das operações, que podem resultar em conflitos.

No documento enviado à IMO, a Intercargo considera que a aplicação da Convenção deve ter em conta os desafios que se colocam aos graneleiros, o principal segmento do transporte marítimo global por deadweight tonnage (dwt) e recorda que a situação de um navio que requer adaptações é totalmente diferente da de um navio novo. E numa carta aberta de Abril, explica algumas das questões colocadas.



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