As iminentes regulamentações de 2020 que limitam o teor de enxofre no combustível marítimo em 0,5% beneficiaram, até agora, os depuradores ou scrubbers – sistemas de limpeza de gases de exaustão. No entanto, no 12º Fórum MARE, que ocorreu no fim de Novembro, em Houston, ns Estados Unidos, este tema foi novamente debatido, segundo o Hellenic Shipping News.
Os fabricantes de depuradores comercializaram os seus sistemas com a promessa de que “limpariam” o necessário, no entanto, estes não chegaram a ser testados em viagens de longo curso, pelo que a sua eficiência é agora motivo de preocupação, num momento em que este sistema é muito popular entre o transporte marítimo.
Segundo as contas de Derek Novak, Vice-presidente de Engenharia e Tecnologia da American Bureau of Shipping, a adopção total de depuradores em Outubro de 2018 era de 1.509 unidades, com 665 a instaladas em embarcações novas e 844 adaptadas.
Pelo que o próprio prevê que um total de duas a três mil embarcações sejam equipadas com depuradores para cumprir os novos regulamentos. O que, assumindo que a frota total da marinha mercante seja de quase 600 mil navios, significa que esses dois a três mil depuradores representam apenas 3% a 5% de toda a frota.
No entanto, Derek Novak afirma que os depuradores apresentam desafios espaciais em embarcações modernas devido ao aumento do funil e possíveis problemas de disponibilidade de energia, uma vez que as embarcações precisariam de mais potência para operar o purificador enquanto vaporizam.
Já o porta-voz do Contra-Almirante Paul Thomas expressou preocupação, uma vez que na sua opinião, tais sistemas não são capazes de atingir a meta de reduzir a pegada ambiental do sector marítimo, conforme previsto pelo regulamento. O Capitão Anuj Chopra, destacou ainda que o uso de purificadores aumentaria as emissões ambientais até 5% através de energia adicional usada para alimentar os sistemas de limpeza.
Embora um número crescente de armadores tenha decidido seguir o caminho dos depuradores, outros estão menos convencidos dos seus benefícios. Assim, os petroleiros Ardmore, Euronav, Odfjell e Teekay optaram por não os instalar, vendo os sistemas como uma medida paliativa até que combustíveis compatíveis com baixo teor de enxofre se tornem disponíveis.
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