Dias depois de ter exposto os resultados da 1ª fase do Douro’s Inland Waterway em Bruxelas, a Administração dos Portos do Douro, Leixões e Viana do Castelo (APDL) vai apresentar amanhã a candidatura da 3ª fase do projecto ao financiamento do programa-quadro Connecting Europe Facility for Transport (CEF-T) 2016, ou Mecanismo Interligar a Europa, já validada pelo Governo.
A 3ª fase deste projecto corresponde à da execução das suas obras mais importantes, “que poderão, de facto, incrementar e dar impulso a navegação fluvial, nomeadamente como meio de transporte de mercadorias e de ligação a Leixões”, afirmou em Bruxelas Raquel Maia, administradora da APDL.
Segundo apurámos, conforme terá sido exposto em Bruxelas, a 1ª fase do Douro’s Inland Waterway, cuja conclusão ali se anunciou, beneficiou de um pacote financeiro de 4,7 milhões de euros (co-financiado em 50% pela União Europeia) e envolveu a realização de estudos de impacto ambiental, estudos para a carta hidrográfica, estudos para obras de alargamento do canal do rio Douro em 2 secções, estudos para implementação do RIS (River Information Services), que permite monitorização do rio em tempo real, estudos para modernização e reabilitação dos cais e estudos sobre desenvolvimento de novos mercados para a Via Navegável do Douro (VND). Foi ainda anunciada a conclusão de novo plano de emergência.
Durante a apresentação, Luís Figueiredo, administrador do Grupo ETE, que esteve presente, “demonstrou total disponibilidade para operar o transporte de carga no Douro, evidenciando as vantagens do transporte fluvial, em termos de impacto ambiental, quando comparado à rodovia”, referiu a APDL em comunicado.
O encontro incluiu ainda a presença de responsáveis da Innovation and Networks Executive Agency (INEA), da Directorate-General for Mobility and Transport (DG MOVE) da Comissão Europeia, do Corredor Atlântico, de eurodeputados da Comissão de Transportes e da ministra do Mar, Ana Paula Vitorino, que tutela a VND e encerrou a sessão.
Na ocasião, segundo a APDL, a ministra do Mar “referiu que a VND é a única via portuguesa incluída na Rede Transeuropeia de Transportes e que é estratégica por ser o alimentador do Corredor Atlântico, na medida em que promove a conectividade entre o Atlântico e a região interior Norte e Centro do país, e potencialmente a ligação à região de Castela e Leão, em Espanha, para além de promover o desenvolvimento turístico sustentável”.
Recorde-se que em 2016, neste contexto, a APDL apresentou duas candidaturas a financiamento comunitário. Uma, no valor de 2,7 milhões de euros, destinada ao sistema de informação RIS, e outra, no valor de 10 milhões de euros, visando melhorar as condições de acessibilidade do Douro entre o estuário na foz e a barragem de Crestuma-Lever.
O Douro’s Inland Waterway é um projecto de 75 milhões de euros criado para melhorar as condições de navegabilidade dos 220 quilómetros da VND, entre Barca D’Alva e o Porto, inaugurada em 1990, reforçando a segurança, optimizando o sistema de comunicações e criando novas formas de mais empresas utilizarem o rio como meio de transporte, 24 horas por dia. É um projecto a cinco anos, para estar completo em 2020 e cuja gestão foi assumida pela APDL em 2015, tomando o lugar até aí ocupado pelo Instituto da Mobilidade e dos Transportes.
No plano da segurança, o projecto envolve a correcção de dois troços para que mais embarcações possam navegar no Douro e modernizações nas 5 eclusas do Douro, todas com alguma idade (Carrapatelo, de 1971, Régua, de 1973, Valeira, de 1976, Pocinho, de 1983, e Crestuma-Lever, de 1986).
Relativamente às comunicações, o Douro’s Inland Waterway envolve a introdução de um sistema RIS, customizado e original, concebido especialmente para o Douro e que conferirá às embarcações meios electrónicos de navegação com GPS, criando um dispositivo para controlo de tráfego, melhorando a informação meteorológica, realizando uma gestão intermodal e portuária e permitindo ligação online às autoridades locais.
Quanto aos transportes, o projecto visa aumentar a circulação de navios na VND, beneficiando o turismo regional e tornando o rio uma opção para transporte de mercadorias.
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