De facto, num momento em que o mercado de transporte de contentores se apresenta ainda com excesso de oferta, o anúncio da CMA CGM não apenas deixou muito analistas incrédulos, senão mesmo cépticos, como levou outros, como Lars Jensen, da SeaIntelligence Consulting, a proceder a uma avaliação do mercado e a publicar também um incisivo comentário no LinkedIn.
Tendo em atenção as principais alianças estabelecidas neste momento, Lars Jensen contabiliza a 2M com cerca de 44% da capacidade total, a Ocean Alliance com 35% e The Alliance com 21% _ sendo a primeira, a 2M formada pela Maersk, MSC e Hyundai Merchant Marine, a Ocean Alliance pela CMA CGM, a Cosco, a Evergreeen e a OOCL, em vias de ser adquirida pela Cosco, e a The Alliance pela K Line, MOL, NYL, Yang Ming e Hapag-Lloyd.
Nota ainda Lars Jensen que, independentemente das novas encomendas agora anunciadas, até ao final de 2018, a Ocean Alliance já tem uma perspectiva de aumento combinado de capacidade na ordem dos 18%, contra um crescimento abaixo dos 10% da The Alliance e menos de 7% da 2M, tudo se alterando, porém, se as mesmas se confirmarem.
Se as encomendas se confirmarem, tal significa, não um aumento de capacidade da Ocean Alliance, na casa dos 18% mas de 21% _ embora não necessariamente até ao final de 2018 porquanto longe também se está de saber, como é evidente, o prazo ou data de entrega dos respectivos navios.
Se assim for, o que tal significa também é uma alteração das quotas de capacidade, no primeiro caso, da 2M, de 44% para 42%, no caso da Ocean Alliance, de 35% para 38%, e da The Alliance, de 21% para 20%.
Quota de capacidade não significa, porém, quota de mercado e, tendo em atenção a dimensão dos novos navios, admitindo que tal só faça sentido nas rotas Leste-Oeste, a pergunta é também a de saber onde o mercado para tanto oferta.
O Splash24/7 aventava ontem igualmente a hipótese do anúncio, ou mesmo estratégia, da CMA CGM poder estar induzido pelo eventual rumor provindo da China da possibilidade de uma expansão próxima da Cosco.
Se assim é, não é certo, mas, como Lars Jensen também conclui, o que parece inevitável é, avançando o negocio, estar-se a entrar num novo período de intensa luta por quota de mercado, uma vez que a tanta nova oferta importará, com certeza, dar mínimo proveito.
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