Porto de Vega Terrón

O Governo da província de Salamanca (Diputación de Salamanca) terá desistido do projecto de converter o porto fluvial de Vega Terrón num terminal intermodal para mercadorias, segundo refere o jornal espanhol Transporte XXI na sua edição de 1 de Julho.

De acordo com o jornal, citando um estudo com uma década realizado pela Madrid Plataforma Logística (MPL) e a Fundação Valenciaport, tal terminal poderia gerar um tráfego de mercadorias pelo rio Douro com origem e destino no porto de Leixões da ordem das 20 mil toneladas/ano.

O estudo terá destacado a atractividade do projecto do ponto de vista ambiental e referia a necessidade de um investimento de 12 milhões de euros a cinco anos para adaptar a infra-estrutura ao movimento de mercadorias.

Face à sua localização, segundo o jornal, o projecto terá sempre estado também dependente do envolvimento do Governo português, dado que a maioria do tráfego previsto seria feito em território nacional.

Esse envolvimento, que implicaria a dragagem do rio para permitir um calado até 3,8 metros para embarcações de carga, face aos 2,5 metros actuais das embarcações de passageiros, as únicas que operam a partir do porto de Vega Terrón, não se verificou, diz o jornal.

Igualmente por aprovar terá ficado a abertura das eclusas do Douro por mais tempo, bem como a adaptação da sinalização do rio para operações nocturnas, refere o mesmo jornal, acrescentando que o projecto chegou a ter o apoio da Junta de Castela e Leão, que terá mesmo manifestado vontade de ali investir.

Contactada pelo nosso jornal para se pronunciar sobre esta notícia, a Administração dos Portos do Douro, Leixões e Viana do Castelo (APDL) respondeu pela voz de Raquel Maia, administradora da APDL para a Via Navegável do Douro.

Para esta responsável, a notícia colhe a APDL de surpresa. A concretizar-se, esta decisão da Diputación de Salamanca “está totalmente desalinhada com todos os esforços que a APDL tem feito, e que vão no sentido de dotar o rio Douro de infra-estruturas que permitam o transporte de mercadorias do Atlântico para o Interior de Portugal, mas também para Espanha”.

Raquel Maia recorda também que “existem vários protocolos e projectos de cooperação com a participação da APDL e a região espanhola de Castela e Leão, nomeadamente com Salamanca e a Zaldeza, entidade gestora da Plataforma Logística de Salamanca, que visam maximizar as trocas comerciais desta região espanhola através do sistema portuário gerido pela APDL”.

A responsável da APDL conclui, afirmando que “nos próximos dias, vamos encetar todos os esforços no sentido de perceber que razões estão na base desta decisão de Salamanca, e oferecer, desde já, a nossa contribuição para o desbloqueio de qualquer situação que possa estar a criar algum tipo de impedimento”.



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