O Instituto Nacional de Estatística (INE) revelou há dias os resultados da Conta Satélite do Mar (CSM) (cujos dados provisórios o nosso jornal antecipou no final de 2015), um trabalho desenvolvido em parceria com a Direcção-Geral da Política do Mar (DGPM), nos termos de um protocolo celebrado entre as duas instituições em 2013. Uma iniciativa inédita na Europa, já que Portugal é o único país do continente com uma CSM.
Na CSM, identificaram-se 60 mil unidades entidades relacionadas com o mar (em que uma parte importante das operações decorre no mar ou cujos produtos provêm ou são destinados a ser utilizados no mar ou no limite da costa, de suporte às restantes actividades consideradas e/ou favorecidas pela proximidade do mar).
Tais entidades representavam, em média, “3,1% do Valor Acrescentado Bruto (VAB) e 3,6% do emprego (Equivalente a Tempo Completo – ETC) da economia portuguesa, no período 2010-2013”, refere o INE. E a remuneração média no conjunto dessas entidades “excedeu em cerca de 3% a remuneração média nacional”.
O segmento com mais unidades foi o de Recreio, Desporto, Cultura e Turismo (73,8% do total), com destaque para a hotelaria e a restauração (apenas para fins turísticos, em zonas costeiras), representando 35,5% do VAB e 28,6% do emprego da CSM. Seguiu-se o agrupamento da Pesca, Aquicultura, Transformação e Comercialização dos seus Produtos, responsável por 25,7% do VAB e 38,8% do emprego, os Serviços Marítimos (15,8% do VAB) e os Portos, Transportes e Logística (14,5% do VAB).
Em três anos, o VAB gerado pela economia do mar “cresceu 2,1%, em grande medida devido ao impulso do turismo das zonas costeiras e aos portos, enquanto o VAB nacional decresceu 5,4%”, referem os dados do INE e da DGPM. Já o emprego criado pela economia do mar diminuiu 3,4%, uma queda inferior à da registada pela economia nacional, que foi de 10% no mesmo período. E a remuneração média foi 3% acima da média das remunerações a nível nacional.
No mesmo período, as importações de produtos da economia do mar decresceram 35%, com destaque para os alimentares e da pesca e aquacultura, e as exportações aumentaram 12%, com destaque também para os produtos alimentares e os serviços de alojamento.
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