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As autoridades paquistanesas aprovaram uma isenção fiscal de 23 anos, pelo menos, para os operadores chineses da Zona Livre de Gwadar, uma área industrial adjacente ao porto de Gwadar, situado no sul do Paquistão, virado para o Mar Arábico, às portas do Golfo Pérsico, a 350 milhas do Estreito de Ormuz, referia há dias o World Maritime News. As isenções podem prolongar-se até 40 anos, segundo outras fontes.

A decisão significa o acolhimento de recomendações feitas internamente no sentido de ampliar as concessões à China Overseas Ports Holdings Limited (COPHCL), que opera no porto desde 2013, beneficiando todos os negócios que ali se instalarem.

Estas são boas notícias para a China, que desenvolve o porto no âmbito do seu ambicioso programa «One Belt, One Road», destinado a refazer a histórica Rota da Seda, quer por terra (one road), quer por mar (one belt), através de parcerias com os países do Sudeste Asiático, Ásia Central e Médio Oriente e da criação de infra-estruturas de transporte que unam o Extremo Oriente à Europa.

O porto de Gwadar integra uma rede portuária estratégica que inclui os principais portos do Mar da China, Estreito de Malaca, Golfo de Bengala e Oceano Índico e facilita o tráfego marítimo de mercadorias entre a China e a Europa, através do Canal de Suez e Golfo Pérsico.

De acordo com o jornal, o porto é de águas profundas, tem uma capacidade para acolher navios de 50 mil toneladas de porte bruto (DWT) e situa-se numa zona marítima pela qual circula um fluxo diário de 17 mil barris de petróleo e grande volume de carga contentorizada, fraccionada e de granéis. O objectivo é torna-lo um hub estratégico e comercial capaz de movimentar cerca de um milhão de toneladas de mercadoria em 2017.

Segundo várias fontes internacionais, nos últimos anos, a China terá firmado acordos com o Paquistão destinados a desenvolver infra-estruturas e centrais de produção energética no valor de 41 mil milhões de euros, dos quais uma boa parcela dirigidos à expansão do porto de Gwadar.

Nesse contexto, porém, nem tudo parece de feição. Segundo meios de comunicação internacionais, as autoridades chinesas estão insatisfeitas com a demora do Paquistão em atribuir um contrato de 1,7 mil milhões de euros para a construção de um pipeline para gás e um terminal de gás natural liquefeito em Gwadar a uma empresa chinesa.

A empresa terá feito uma proposta em que assumia 85% da despesa, ficando o restante a cargo do Paquistão. A relutância em libertar esses 15% poderá ser o que está a retardar a decisão do Governo paquistanês.



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