Análise de sociedade financeira alerta para riscos na construção naval
DSF

Se no prazo de três a seis meses a indústria de construção e reparação naval não garantir novas encomendas para 2017, o cenário do sector vai agravar-se ainda mais e pode deixar estaleiros inactivos, segundo dados da Danish Ship Finance (DSF), uma sociedade financeira que concede empréstimos a armadores.

Para a DSF, no final de 2016, o número de estaleiros activos ode cair até cercados 530, só contando com aqueles que enfrentam falta de encomendas. Segundo as suas estimativas, cerca de 10 dos principais estaleiros e 190 estaleiros de segundo escalão devem encerrar este ano. Os primeiros podem não fechar por completo, enquanto mantiverem operações de reparação, mas suspenderão as novas construções.

O fenómeno, porém, pode ter um efeito positivo. O encerramento de estaleiros pode significar um ajustamento da capacidade construtora à procura, que deverá ser menor no futuro. Desta forma, os preços das novas encomendas subirão, prevenindo situações futuras de falta de liquidez.

De acordo com a sociedade, as perspectivas para 2017 não são animadoras para o sector, visto que 45% das encomendas actuais são relativas a navios para entregar nos últimos três trimestres deste ano.

Desde Abril deste ano, as encomendas para 2017 só devem requerer 69% da capacidade de construção de novos navios e se o número actual de encomendas fôr adiado ou cancelado, essa capacidade pode cair para menos de 50%.

Numa situação dessas, a China será a mais atingida, porque 57% das encomendas a estaleiros chineses são para entregar até ao final deste ano. E as encomendas para estaleiros chineses para 2017 só ocuparão 57% da sua capacidade, informa a DSF.

As encomendas de graneleiros, porta-contentores e embarcações para offshore constituem 52% das encomendas. Face às condições de mercado destes segmentos, se mais encomendas continuarem a ser adiadas, 2017 poderá ser um ano só com encendas adiadas.

O problema associado a esta situação é que o adiamento de encomendas retarda os pagamentos e a consequente liquidez dos estaleiros, que continuarão sob pressão. “Actualmente, cerca de 340 estaleiros têm encomendas para menos de um ano e tendo entrado no segundo trimestre de 2016, três quartos destes estaleiros já não têm encomendas, pelo que esperamos que encerrem este ano”, refere a DSF.



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