Centros de Formação Desportiva

Desde que foram criados, há três anos, no âmbito do Desporto Escolar, os Centros de Formação Desportiva (CFD) investiram, pelo menos, 500 mil euros nos desportos náuticos, de acordo com estimativas do Coordenador Nacional do Desporto Escolar, Paulo Gomes.

A mais recente aposta foi a entrega aos CFD de 83 canoas, fabricadas pela empresa portuguesa NELO, uma das mais importantes construtoras mundiais de embarcações desportivas, e 3 Laser Bahia, de origem inglesa, importados pela BICASCO, numa cerimónia que teve a presença do ministro da Educação e da ministra do Mar.

Esta foi, aliás, a primeira vez que a Coordenação Nacional do Desporto Escolar (CNDE), integrada no Ministério da Educação, entregou equipamento novo aos CFD desde que estes foram criados. Ate aqui, os centros funcionavam apenas com material dos clubes náuticos, das escolas (que são responsáveis por eles) ou equipamento antigo do próprio Desporto Escolar.

O investimento da CNDE tem sido o grande recurso dos CFD, embora exista um diálogo com o Ministério do Mar para uma possível colaboração dos serviços de Ana Paula Vitorino nesta matéria, que se mostrou disponível para o efeito durante a cerimónia de entrega do equipamento aos CFD.

“Temos conversado com elementos do Ministério do Mar e em breve esperamos ver concretizadas algumas iniciativas”, admitiu Paulo Gomes ao nosso jornal, sem adiantar projectos concretos. “O ano lectivo de 2015/2016 foi “aquele em que o Ministério com a tutela do mar mais se envolveu nesta questão, até hoje”, refere o mesmo responsável.

No âmbito do Desporto Escolar, a CNDE atribui trimestralmente uma verba às escolas, para todas as actividades, e elas gerem esse montante, inclusivamente, adquirindo algum material. Já os CFD têm uma verba específica que lhe é atribuída pelas escolas. Localmente, os centros têm liberdade para fazer parcerias, designadamente, com os clubes náuticos ou com os municípios, “que têm sido um parceiro importante”, refere Paulo Gomes.

Actualmente, dos 40 CFD existentes em todo o país, 31 são destinados a formação em actividades náuticas (essencialmente canoagem, remo, vela e surf). E do total de cerca de 39 mil formandos, desde o 1º ciclo ao último ano do Ensino Secundário, inclusive, cerca de 22 mil praticam tais actividades. E desses, “2.200 são praticantes regulares, ou seja, treinam duas a três vezes por semana”, confirmou Paulo Gomes.

Das quatro modalidades, a canoagem é a mais solicitada, existindo em 20 centros. Motivo? “Talvez tenha a ver com as condições para a sua prática, ou com a inspiração dos atletas olímpicos”, admite o Coordenador Nacional do Desporto Escolar. Depois vem a vela (11 centros), seguida do surf (8) e do remo (7). Note-se que em cada centro pode ser ministrada mais do que uma actividade.

Para estes 22 mil formandos, existem 110 professores, todos escolhidos com base na sua experiência e qualificações relacionadas com as actividades náuticas. “Cada professor recebe 12 horas do seu horário, que é de 24 horas, para estar focado neste projecto” explicou-nos Paulo Gomes.

Embora admitindo que a dedicação destes profissionais faz com que excedam muitas vezes este número de horas, “sem qualquer compensação suplementar”, o mesmo responsável considera que este número tem sido suficiente para responder às necessidades. “Claro que se tivéssemos mais recursos poderíamos fazer mais”, mas as horas atribuídas dependem dos créditos horários fornecidos pelo Ministério.

A propósito destes professores, Paulo Gomes recorda que em breve a CNDE vai promover um curso de 50 horas em Segurança Náutica, a ministrar pela Faculdade de Motricidade Humana.

Os CFD nasceram em 2013, dentro do programa de Desporto Escolar, e a componente náutica está ligada à Estratégia Nacional para o Mar (2013-2020). Também incluem a natação, atletismo e golfe, mas são as actividades náuticas que predominam. Em 2013, os CFD com desportos náuticos eram 11, um ano depois 25 e neste momento são 31. “Em 3 anos quase triplicámos”, refere Paulo Gomes. Até 2020, o Coordenador Nacional do Desporto Escolar espera ter 50 CFD com actividades náuticas, um número possível de alcançar e equilibrado face à realidade do país.

Mas para estes 31 existirem, outros ficaram para trás. A criação dos CFD obedece a certos requisitos e está sujeita a candidaturas anuais por parte dos agrupamentos escolares. Em 2015/2016 foram aprovadas 60%. Falta de capacidade de absorção, incumprimento dos requisitos ou limites dos créditos horários atribuídos aos professores explicam este valor. Neste momento, os CFD acolhem alunos de 811 escolas públicas e de 300 escolas privadas.

Segundo o mesmo responsável, o objectivo que presidiu à sua criação foi tornar possível o acesso de determinados desportos a crianças e jovens que de outro modo não os poderiam praticar. “Nasceram da necessidade de dar resposta a alunos que, nas escolas, não têm condições de praticar estes desportos, por falta de infra-estruturas”, referiu-nos Paulo Gomes.

A distância a que algumas das infra-estruturas existentes estão das comunidades ou o difícil acesso de alguns alunos a estes desportos por falta de condições financeiras – a formação e prática nos CFD é gratuita – também podem justificar os centros.

Paulo Gomes reconhece que os CFD, no que se refere às actividades náuticas, podem ajudar a alterar a atitude dos portugueses face ao mar. “É mais um incentivo”, refere. E acrescenta que abre horizontes profissionais aos alunos, que poderão mais tarde vir a ter uma ocupação profissional relacionada com alguma destas actividades.

 

 



Um comentário em “CFD investiram, pelo menos, 500 mil euros nos desportos náuticos”

  1. Jose Manuel Patricio diz:

    Faço parte do Clubr Naval de Paimogo , sito no concelho da Lourinhã , Ja nos candidatamos aos incentivos existentes na Ecomar e gostariamos de trabalhar com as escolas do conce num CFD ,

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