O presidente da Autoridade do Canal do Suez (ACS), Almirante Mohab Mamish, contestou as alegações de que os navios comerciais estão a trocar a rota do Canal de Suez pela passagem do Cabo da Boa Esperança e que têm vindo a público em vários meios de comunicação, segundo referia há poucos dias o jornal World Maritime News.
De acordo com o jornal, para o responsável pelo Canal de Suez, tais alegações baseiam-se num relatório do SeaIntell, um centro de pesquisa dinamarquês dedicado à análise de tráfego marítimo, segundo o qual os navios que evitam este local no âmbito de serviços Ásia-Costa Leste dos Estados Unidos (UESC) e Ásia-Europa do Norte poupam, em média, 211 mil euros por viagem, por não pagarem a taxa respectiva, embora isso lhes represente mais dias de viagem.
O jornal acrescenta que na sua última análise, o SeaIntell refere que desde o fim de Outubro de 2015, 115 navios das rotas Ásia-UESC e Ásia-Europa do Norte fizeram as viagens de regresso pela rota do Cabo e deixaram antever que mais viagens de regresso passariam a preferir a passagem do Cabo da Boa Esperança à passagem do Canal de Suez.
Mohab Mamish argumenta que as estatísticas revelam que o número de navios que trocam o Suez pelo Cabo não excede os 115 desde Outubro de 2015, o que “representa 0,6% do total de navios que cruzaram o Canal em 2015, o que é uma muito pequena percentagem que não indicia uma tendência geral para o tráfego no Canal”.
O mesmo responsável também considera que a queda do preço do petróleo não afectou as receitas do Canal de Suez, na medida em que Fevereiro de 2016 registou um aumento de receitas, número de navios em trânsito e tonelagem líquida.
As receitas terão aumentado 5,1% em Fevereiro deste ano face às de Fevereiro de 2015, segundo a ACS, citada pelo jornal. No mesmo período, o número de navios em trânsito pelo Canal terá subido 6,6% face ao período homólogo do ano anterior, de acordo com a mesma fonte. E a tonelagem líquida terá subido 4,6% em Fevereiro deste ano face a Fevereiro de 2015.
A estes dados, Mohab Mamish acrescenta outros. Segundo ele, o tráfego e tonelagem líquida de mercadoria que cruzaram o Canal de Suez em 2015 terá crescido 2% e 3,7% respectivamente, face a 2014. E, segundo a ACS, citada pelo jornal, a tonelagem líquida dos navios que foram da UESC para o Médio Oriente pelo Canal do Suez passou de 5 milhões em 2005 para 60 milhões em 2015, “o que é 12 vezes mais em 10 anos, e deve-se à capacidade do Canal para acomodar os maiores navios do mundo em termos competitivos face a rotas alternativas”, refere Mohab Mamish, também citado pelo jornal.
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