Sendo a rota mais rápida entre o Oriente e a Europa, as receitas do canal do Suez não deixaram no entanto de cair 17,2 milhões de dólares Janeiro.

Apesar da dupla via agora inaugurada, constituindo-se, indiscutivelmente, como a rota mais rápida entre o Oriente e a Europa e assistindo, até agora, a um constante crescimento do respectivo tráfego, o Canal do Suez viu, porém, as suas receitas caírem dos 429 milhões de dólares atingidos em Dezembro para somente 411,8 milhões verificados em Janeiro passado.

Para alguns analistas, tal quebra pode ser um indício da vantagem comparativa que a Rota do Cabo, dado o baixo preço do petróleo, pode começar a constituir-se em relação à passagem pelo Canal, compensando a maior distância percorrida, tanto em direcção á Europa como aos Estados Unidos, em relação às taxas impostas.

De facto, como referido pela CNBC, por exemplo, a partir de um relatório da SeaIntel, os preços baixos mais do petróleo podem permitir recorrer já a uma maior velocidade dos navios de modo a percorrerem num mesmo período de tempo mais largas distâncias, com a vantagem de o fazerem, ainda por cima, com menores custos de operação.

O relatório vai no entanto ainda mais longe e, para além de estimarem a poupança média na Rota do Cabo na casa dos 235 mil dólares por percurso, contabilizando também em 115 o número de navios a optarem por essa via em 2015, quer com destino ao Norte da Europa quer com destino à costa Este dos Estados Unidos.

Após os 8 mil milhões e meio de dólares despendidos no alargamento do Canal, estas não são as melhores notícias para o Governo Egípcio que reconhece ter-se verificado já 2015 uma quebra de 5,7% no tráfego de navios graneleiros e de 3,1% de navios de contentores, não obstante o crescimento igualmente verificado, na casa dos 2%, em valores globais.

neste enquadramento, tendo atenção os cerca de 460 mil dólares cobrados em média por passagem no Canal do Suez, o relatório da SeaIntel sugere, a bem da saúde financeira do projecto, um corte na casa dos 50% nas respectivas taxas.

E se isto é válido em relação ao canal do Suez, outro tanto se dirá em relação ao canal do Panamá para o qual o relatório aponta igualmente cortes necessários no valor das taxas na casa dos 30%.

A contrapartida negativa respeita contudo ao ambiente uma vez que, na Rota do Cabo, ainda segundo o mesmo relatório, o impacto de emissões adicionais de CO2 deverá situar-se na casa das 6 800 toneladas por percurso.



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