O Governo espanhol contabilizou prejuízos diários de12 milhões de euros provocados pelas greves dos estivadores nos portos do país. Algeciras foi particularmente afectado com desvio de carga da Maersk, mas os danos reputacionais afectaram a generalidade dos portos
Puertos del Estado

A vaga de greves dos estivadores em Espanha está a prejudicar fortemente o desempenho económico e a imagem interna e externa dos 39 portos de carga do país, refere o World Maritime News com base em dados da ANESCO (Asociación Nacional de Empresas Estibadoras y Consignatarias de Buques), que representa mais de 200 empresas de trabalho portuário, e do Governo de Madrid.

Nalguns casos, o ritmo de trabalho diminuiu 70%, refere a ANESCO, citada pelo jornal, e o prejuízo na primeira semana de greves atingiu os 36 milhões de euros (12 milhões por cada dia de greve – 5, 7 e 9 de Junho -, repartidos pelo transporte terrestre – 2,5 milhões -, empresas de estiva – 5 milhões – e pela restante comunidade potuária, como empresas de reboque, operadores logísticos, pilotagem, etc. – 4,5 milhões), segundo o Governo espanhol, com base em dados cedidos pelas administrações portuárias à Puertos del Estado, a entidade pública responsável pela execução da política portuária espanhola.

A par destes prejuízos financeiros, o Governo espanhol entende que as greves estão a ter um impacto reputacional negativo nos portos do país. “Num sector como o logístico, em que a previsibilidade da circulação de bens é fundamental, detectou-se uma perda de fiabilidade como consequência das paragens no sector da estiva”, refere o Ministério do Fomento de Espanha.

O conhecimento antecipado das datas das greves levou empresas de transporte marítimo a desviar os seus navios para outros destinos. O Governo espanhol cita o caso da Maersk, que terá alterado 15 escalas dos portos do país, incluindo o desvio do Maersk Madrid, um dos maiores porta-contentores do mundo. O porto de Algeciras terá sido fortemente prejudicado com as greves, perdendo 150 mil movimentos anuais da Maersk a favor do porto de Tânger.

Face a este panorama, que considera prejudicial ao porto de Algeciras e mesmo à comunidade de Andaluzia, o Ministério do Fomento apelou às entidades sindicais e patronais para que se entendessem, alegando inclusivamente que a continuação das greves poderia conduzir a perdas de postos de trabalho. Neste momento, os estivadores têm contratos por tempo indefinido, mas com a recente reforma legislativa que liberaliza a contratação do trabalho portuário, as empresas contratantes podem escolher se querem manter os trabalhadores sob contrato ou não. Os sindicatos têm defendido a manutenção das actuáis condições de trabalho, independentemente da reforma legislativa.



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