O relatório do Painel Inter-governamental para as Alterações Climáticas (IPCC, na sigla inglesa) recentemente aprovado apela a grandes e urgentes transformações no quotidiano nos sectores da energia, transportes, construção, indústria e alimentação para não ultrapassar a meta do aumento da temperatura do planeta em 1,5º face aos níveis pré-industriais entre 2030 e 2052.
Ao ritmo actual de aquecimento do planeta, essa meta facilmente será atingida, pelo que o IPCC adverte para a importância de tentar manter o aquecimento global abaixo desses valores. Uma meta mais ambiciosa do que a do Acordo de Paris sobre o clima de 2015, que defende medidas vinculativas para que o aumento da temperatura média global seja inferior a 2°C face aos níveis pré-industriais até ao final do século.
No mesmo acordo, ficou igualmente definido prosseguir esforços para limitar o aumento da temperatura somente até 1,5°C acima dos níveis pré-industriais e solicitar ao IPCC que até este ano fizesse um relatório sobre os impactos do aquecimento global até 1,5º acima dos níveis pré-industriais e dos gases com efeito de estufa. Um desafio que o IPCC aceitou em 2016 e cumpre agora com a divulgação do relatório.
Agora, o IPCC vem dizer que a combinação das actuais emissões de CO2 com medidas para terminar com tais emissões pode conduzir a um limite ao aumento do aquecimento global até 1,5º, cujos efeitos sobre o clima serão muito menos gravosos aos de um aumento de 2º até ao final do século.
No que respeita ao mar, o documento diz que em 2.100, com um aumento da temperatura média do planeta de 1,5º, o valor médio global do nível das águas deve ser 0,1 metros abaixo do que seria se a temperatura subisse 2º. Depois de 2.100, o nível das águas continuará a aumentar a um ritmo e para valores que dependerão das emissões.
O aumento do aquecimento global amplia a exposição das pequenas ilhas, zonas costeiras baixas e deltas aos riscos associados ao aumento do nível das águas, incluindo a intrusão de água salgada, cheias e danos nas infra-estruturas. A limitação do aumento da temperatura média global a 1,5º face aos 2º pode reduzir a temperatura dos oceanos, diminuir a acidez marinha associada e aumentar os níveis de oxigénio. E pode assim reduzir os riscos para a biodiversidade marinha, as pescas e os ecossistemas.
No caso das pescas, por exemplo, um aumento da temperatura até 1,5º implica uma quebra global anual das capturas de 1,5 milhões de toneladas, contra perdas de mais de 3 milhões se o aumento das temperaturas for de 2º.
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