A Comissão Europeia (CE) atribuiu um financiamento de 5,3 milhões de euros para o desenvolvimento de um protótipo de revestimento biomimético (que imita a natureza) destinado a cascos, capaz de diminuir a resistência friccional dos navios e com potencial para reduzir o consumo energético e as emissões no transporte marítimo europeu.
Financiado pelo Programa Horizonte 2020, o projecto denomina-se AIRCOAT (Air Induced friction Reducing ship COATing) e é será desenvolvido por um grupo de 10 cientistas e peritos industriais europeus no quadro de um consórcio chefiado pelo Fraunhofer Center for Maritime Technologies and Services, da Alemanha, ao longo de três anos, a partir de amanhã.
Além do Fraunhofer Center for Maritime Technologies and Services, participam no consórcio o Karlsruhe Institute of Technology (KIT), o City University of Applied Sciences Bremen e o Hamburg Ship Model Basin (HSVA), todos da Alemanha, a Avery Dennison Materials Belgium e a Revolve Water, da Bélgica, a PPG Coatings Europe BV, da Holanda, a Danaos Shipping, de Chipre, o grupo AquaBioTech, de Malta, e o Finnish Meteorological Institute, da Finlândia.
O AIRCOAT age como barreira física entre a água e a superfície do casco através de uma tecnologia de lubrificação passiva a ar que copia da natureza o efeito salvínia, o mesmo que permite a uma planta de nome Salvinia, uma samambaia que flutua sobre a água, respirar também debaixo de água graças à manutenção permanente de uma camada de ar.
No caso dos navios, a ideia é aplicar uma película aderente de AIRCOAT na superfície do casco, que cria uma camada de ar entre este e a água, reduzindo a resistência friccional e com isso o consumo de combustível e as emissões de gases de escape. Além disso, impede a incrustação no casco e a libertação de substâncias bio-ácidas provenientes de revestimentos anteriores para a água, mitigando ainda radiação do ruído do navio.
Johannes Oeffner, coordenador do projecto no Fraunhofer Center for Maritime Technologies and Services, considera que o potencial desta tecnologia “é enorme” e estima que pode reduzir pelo menos em 25% o consumo de combustível do motor principal de um navio e também em 25% a emissão de gases de escape.
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