Numa reunião da comissão russa para o desenvolvimento do Árctico, que teve lugar este mês no Ministério dos Recursos Naturais e do Ambiente da Rússia, foi debatido o tema do lixo nuclear depositado no fundo do Árctico e dos riscos que coloca, quer no plano ambiental, quer à prospecção petrolífera offshore na região e na qual a Rússia mantém interesse.
A informação foi divulgada pela Fundação Bellona, que combate as alterações climáticas, e replicada em alguns meios de informação. Na ocasião, segundo relatado, foi Oleg Kiknadze, relacionado com o Instituto Kurchatov, que levantou a questão, alertando para o perigo potencial que representam as barreiras protectoras que rodeiam o combustível nuclear dos submarinos afundados e que começam a deteriorar-se.
O mesmo responsável lamentou a ausência de dados relativos a estes elementos, o que dificulta os prognósticos sobre eventuais efeitos de contaminação que possam estar ou vir a provocar nos oceanos. Além disso, segundo relatado, parece que não existe disponibilidade financeira do Governo russo para remover todos esses resíduos do fundo do oceano.
E que resíduos são esses? Estão em causa milhares de contentores de resíduos radioactivos, reactores nucleares, partes de detritos e dois submarinos nucleares inteiros (o K-27 e o K-159), tudo depositado no fundo de águas a Norte da Rússia.
Segundo divulgado, só entre 1965 e 1972, a Rússia afundou voluntariamente 17 mil toneladas de resíduos radioactivos, o submarino K-27, 14 reactores de outros submarinos, 19 navios com resíduos nucleares e 735 peças de equipamento pesado de navios nucleares, incluindo o quebra-gelos nuclear Lenine.
Além disto, existem os resíduos que estão no fundo mar por acidente, como o submarino K-159, que se afundou em 2003 quando estava a ser rebocado em condições atmosféricas adversas.
Na mesma reunião, Oleg Kiknadze terá referido que algum deste lixo se encontra na zona central do Mar de Kara, a poucos quilómetros de locais onde se tem procurado petróleo, e no arquipélago de Nova Zembla, entre o Mar de Barents e o Mar de Kara. Terá ainda referido que o Instituto Kurchatov traçou cenários para monitorizar o estado do K-27 e do K-159 e de outros detritos, mas notou que não existe orçamento público para o efeito até 2020, o que significa que continuarão sem vigilância durante os próximos três anos.
O caso do K-27 inspira alguns cuidados. Afundado em 1981, incluía 90 quilos de urânio protegidos por um isolamento especial. Nos últimos anos, porém, descobriu-se que o isolamento está a deteriorar-se, aumentando o risco de uma reacção nuclear descontrolada se a água penetrar no reactor.
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