A Fundação Bellona, sedeada na Noruega e com escritórios também na União Europeia (em Bruxelas) e na Rússia, revelou que o Primeiro-Ministro Adjunto da Rússia, Yuri Borisov, vai emitir em breve uma orientação oficial para a construção de um super quebra-gelos nuclear, denominado Leader.
Segundo adiantado pelo governante, o Executivo russo está a mobilizar elevados recursos financeiros para recuperar o antigo estaleiro de Zvezda, no Extremo Oriente russo, onde deverá ser construído o novo navio. De acordo com o Safety4Sea, o navio custará cerca de 1.400 milhões de euros e a Rússia pretende construir pelo menos três.
A recuperação do estaleiro será um desafio, dado que ali não se produziu muito nos últimos 20 anos e nunca um quebra-gelos nuclear, e deverá ficar a cargo da petrolífera russa Rosnet, interessada em explorar o preciso petróleo no Árctico com o auxílio do novo navio. De acordo com Yuri Borisov, a doca seca para a construção do navio em Zvedza deverá estar pronta no próximo ano.
Alguns observadores, porém, não encaram bem a atribuição desta construção à Rosnet, que consideram dirigida por um aliado político de Vladimir Putin. Além do estado do estaleiro, actualmente ocupado com a construção dos quebra-gelos Sibir, Arktikae e Ural, porventura os maiores do mundo até hoje, lembram que o coração da construção de quebra-gelos nucleares russos é em São Petersburgo, nos estaleiros do Báltico. Mantido nos anos 90 e princípio deste século graças a financiamento dos Estados Unidos para desmantelamento de submarinos nucleares soviéticos no âmbito de vários acordos de desarmamento, o estaleiro de Zvedza acumulou dívidas depois disso.
Citado por alguns meios de comunicação social, Alexei Rakhimov, dirigente da United Shipbuilding Corporation, detentora dos Estaleiros do Báltico, terá mesmo considerado que a atribuição da construção do Leader aos estaleiros de Zvedza, na zona do Pacífico, não faz sentido económico e terá sido uma decisão política.
Quanto ao navio, a sua imagem fantástica, enorme e futurista surgiu pela primeira vez na capa da revista da United Shipbuilding Corporation, em 2015. E já há quem o considere o símbolo da recuperação económica russa, quer pela dimensão projectada, quer pelo potencial que encerra no domínio da exploração petrolífera do Árctico.
Segundo tem sido referido, terá 205 metros e pesará 71 mil toneladas, mais 50 metros e algum um peso do que os principais quebra-gelos russos que ainda estão em construção. Tem sido igualmente adiantado que terá dois reactores experimentais RITM 400, capazes de impulsionar o navio através do gelo espesso do Árctico, mantendo o casco suficientemente à superfície para o tornar útil na navegação pelos afluentes daquelas águas.
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