O presidente do grupo Yildirim esteve no porto de Leixões para anunciar investimentos e, em entrevista ao Expresso, criticou a lentidão de processos e reconheceu um impacto negativo das greves nos portos de Lisboa e Setúbal. Mas manteve a confiança nas operações e interesse em continuar a investir
Ana Paula Vitorino

Em entrevista recente ao Expresso, o presidente do grupo Yildirim, Robert Yildirim, criticou a lentidão de processos em Portugal, que retardam obras e investimentos programados pelo grupo em portos do nosso país. E dá como exemplo os portos de Leixões, onde esteve há dias para anunciar um investimento superior a 40 milhões de euros e espera investir adicionalmente 200 milhões de euros, e Lisboa, onde também pretende investir cerca de 200 milhões de euros.

Sobre o investimento em Leixões, Robert Yildirim referiu que “o projetco está aprovado, mas os Bancos querem a inclusão de uma frase no acordo de concessão e a autoridade portuária diz que Governo é que deve assumir a responsabilidade (no caso de algo correr mal) e o Governo diz que é a autoridade portuária que deve assumir, tal como em Lisboa”. Uma situação que o empresário diz não compreender.

E lembrou que pode concluir o trabalho em três anos, se possuir todas as autorizações. Lamentou ter de admitir que “em Portugal é tudo muito lento” e considerou que “os trabalhos em Leixões já deviam ter começado há um ano”.

No caso de Lisboa, referiu a necessidade de novas gruas para o porto, tendo em vista receber navios maiores, “mas o porto não está preparado”, acrescentando que não podem ser compradas “gruas novas, maiores, porque a infra-estrutura não aguenta”. Reconhecendo a necessidade de obras, que já admitia quando adquiriu a concessão, referiu agora que “o problema é que sabemos o que é preciso fazer e como fazer, mas sem autorizações não podemos avançar e não temos tido esse apoio para avançar rapidamente”.

Revelou também que mantém investimentos previstos para Portugal da ordem dos 500 milhões de euros, “num período de 5 anos, se as autoridades receberem bem os nossos projectos” mas admitiu que nem tudo corre como esperava, quer por causa da lentidão de processos, quer por causa das greves. As greves tiveram forte impacto no negócio, com perda de clientes e volume em Lisboa e Setúbal e “houve algum volume desviado para Leixões que poderá voltar, mas há perdas, designadamente para Sines, que serão difíceis de recuperar”, referiu.

 



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