O Director-Geral de Recursos Naturais, Segurança e Serviços Marítimos (DGRM), José Simão, desafiou ontem as entidades portuárias da APLOP (Associação de Portos dos Países de Língua Portuguesa) a colaborarem com Portugal nas especificações da Janela Única Logística (JUL).
O convite foi feito durante o X Congresso da APLOP, que terminou ontem em Lisboa, e visou a possibilidade de uma inter-operacionalidade entre os sistemas portuários dos países membros da associação. Sem prejuízo de, numa fase posterior, a inter-operacionalidade ser alargada a serviços públicos e administrativos portuários destes países.
José Simão lançou a ideia durante a sua intervenção sobre a JUL, no âmbito do Painel IV do congresso, dedicado à integração dos portos nas cadeias logísticas. Nesse contexto, abordou os antecedentes da JUL, as suas motivações, a sua caracterização e os seus desafios e oportunidades.
No mesmo painel, Adalmir de Souza, do Núcleo de Estudos e Desenvolvimento de Infra-estrutura da Universidade Federal Fluminense, abordou o trabalho de Eduardo Mário Dias, do Grupo de Automação Eléctrica em Sistemas Industriais (GAESI) da Universidade de São Paulo, sobre rastreabilidade de mercadorias, tendo apontado o caso do projecto «Porto Azul», uma espécie de lacre electrónico para contentores, actualmente em fase de teste no Brasil, e cujos indícios apontam para a possibilidade de trazer grandes vantagens logísticas, de tempo e económicas as seus utilizadores.
O mesmo orador falou ainda sobre a automação no transporte marítimo do futuro, dando exemplos do navio autónomo Yara Birkeland, do navio porto Atlas HVS e dos anunciados 12 submarinos autónomos chineses Hayan.
A sessão contou igualmente com um debate sobre as tendências do transporte marítimo, designadamente, no espaço da CPLP, com base numa apresentação feita por Miguel Marques, partner da PwC, e que foi depois desenvolvida por Rui d’Orey, presidente da AGEPOR, e Fernando Cruz Gonçalves, professor de Gestão Portuária na Escola Superior Náutica Infante D. Henrique (ENIDH).
Na caracterização que fez da actualidade do sector, Miguel Marques lembrou a sua volatilidade, a importância da evolução da economia chinesa, a digitalização em curso, a dimensão cada vez maior dos navios mercantes, as taxas dos fretes, os paradigmas energéticos e ambientais emergentes, o crescimento da indústria de cruzeiros, as novas alianças internacionais no mercado e o uso da Rota do Norte pela Rússia.
Rui d’Orey optou por falar da dimensão crescente dos navios, que considera um desafio para os portos e para as cadeias logísticas, e da digitalização do sector. Fernando Cruz Gonçalves acentuou a importância das novas alianças entre empresas globais de transporte marítimo de mercadorias, cujas cinco principais detêm 52% do volume da carga movimentada, da dimensão dos navios, que julga não virem a ultrapassar a fasquia da capacidade para 25 mil TEU, e dos novos modelos energéticos.
Depois do debate, houve lugar a uma intervenção de Francisco Mendes Palma, CEO da aicep Global Parques, que referiu a importância da logística e da geografia para os países membros da APLOP e apresentou as oportunidades que nesse contexto são concedidas pela Zona Logística e Industrial de Sines e do Parque Empresarial de Setúbal.
O congresso terminou com a assinatura de três Protocolos. A Administração dos Portos do Douro, Leixões e Viana do Castelo (APDL) celebrou dois, um com o representante dos portos de Cabo Verde e outro com um elemento dos portos da Guiné-Bissau, ambos sobre formação em engenharia portuária, economia portuária, sistemas de informação e concessões. O último foi um protocolo de parceria celebrado pela APLOP com a Confederação Empresarial da CPLP.
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