A criação de um cluster do mar em Vila Real de Santo António (VRSA) “está dependente de um protocolo que vier a ser desenvolvido com a Docapesca e o Ministério do Mar” para que a autarquia “possa assumir definitivamente a gestão” da frente ribeirinha e “assim desenvolver um plano integrado”, esclareceu ao nosso jornal o presidente da Câmara Municipal de VRSA, Luís Soromenho Gomes.
A concretizar-se, este protocolo cumpre a intenção do Governo de atribuir mais responsabilidades e poder de gestão aos municípios nas respectivas zonas ribeirinhas, bem como na náutica de recreio, para o que o Executivo procurará promover a legislação adequada.
Este cluster envolve a execução de um parque empresarial em VRSA e a requalificação da doca e áreas envolventes na zona norte da cidade, visando desenvolver aí actividades e serviços ligados ao mar e actividades complementares. O projecto contempla ainda “parcelas para a implementação de indústrias diversificadas, armazéns, áreas de comércio e serviços e aquacultura offshore”, referiu o autarca.
Luís Soromenho Gomes pretende que a infra-estrutura, mais do que um pólo industrial, “se transforme num centro de investigação e desenvolvimento, tendo em consideração a especialização de Vila Real de Santo António em áreas chave, como a transformação de pescado ou a construção de embarcações, em especial, de fibra de vidro”.
A localização do futuro parque está prevista para terrenos da Docapesca, que ocupam uma área total de 24,5 hectares, e insere-se nos “objectivos definidos pelo Plano Director Municipal (PDM) em vigor e na Área de Reabilitação Urbana da Frente Ribeirinha de VRSA, cumprindo as orientações definidas para a zona industrial de expansão, onde se localiza”, refere o autarca.
O projecto está “totalmente formulado”, contemplando todas as infra-estruturas terrestres e marítimas, bem como as áreas a criar”, refere Luís Soromenho Gomes, acrescentando que envolve duas vertentes: infra-estruturação, com capitais públicos, e construção de pavilhões industriais, dependentes de investimento privado. Conforme já referimos neste jornal, corresponderá a um investimento de 17 milhões de euros.
Uma das apostas para este cluster é a construção naval, que representa um dos maiores empregadores do concelho, fortemente especializado e com elevada componente exportadora, segundo o presidente da Câmara Municipal de VRSA. A revitalização da actividade contemplará uma área afecta a serviços de comércio, manutenção, reparação e construção naval (26.420 m2) e outra, de 4.840 m2, para estacionamento em seco.
Igualmente importante neste projecto será a transformação de marisco, e aí o objectivo é a “instalação de uma depuradora que permita valorizar e potencializar a captura e comércio de bivalves,” não só em VRSA, mas também no leste algarvio, nota Luís Soromenho Gomes.
Associado a esta ambição, que envolve construção de infra-estruturas portuárias, de reparação e construção naval, de apoio à pesca, à aquacultura e à frota e de promoção da monitorização da costa, a autarquia também pretende desenvolver a oferta turística, designadamente, aquela que estiver relacionada com o mar, e promover a investigação e a formação acessórias às actividades marinhas e marítimas.
Neste contexto, além do cluster do mar, a Câmara Municipal de VRSA pretende promover, “ao longo da frente ribeirinha” do concelho, diversas operações, incluindo a reabilitação do antigo porto comercial (7 hectares, 20 milhões de euros), a reabilitação do jardim sul (2,5 hectares), a construção do Passeio de Santo António (7 hectares, 90 milhões de euros), a criação de um novo porto de recreio (300 postos de amarração para embarcações até 25 metros) e a construção de uma marina na Ponta da Areia (em fase de estudo).
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