A perspectiva do levantamento de sanções à Coreia do Norte, o interesse no carvão de Pyongyang e planos de aproximação económica entre as duas Coreias levam a Coreia do Sul a admitir o desejo de penetrar nos portos da Coreia do Norte
ECSA

O ministro sul-coreano para os Oceanos, Kim Young-choon, manifestou a intenção de procurar oportunidades de negócio em portos da Coreia do Norte, antecipando um cenário posterior ao levantamento das sanções de Washington a Pyongyang, referiu o Maritime Executive. Uma pretensão que não constitui surpresa, face aos interesses económicos e planos de Seul para a península coreana.

Refere o Maritime Executive que o ministro sul-coreano terá identificado as áreas próximas das cidades portuárias de Nampo, Haeju e Wonsan, todas na Coreia do Norte, como locais nos quais seria economicamente interessante desenvolver complexos industriais em parceria. Kim Young-choon poderia ter em mente o acesso ao carvão norte-coreano, de que a Coreia do Sul depende para responder às suas necessidades de combustível.

Mas não só. Além da necessidade de Seul e do provável interesse de Pyongyang em corresponder-lhe, ou não fosse a Coreia do Norte um líder mundial nas exportações de carvão de antracite (de que muito depende a sua economia), sobretudo para a China, a visão de Kim Young-choon reflecte parcialmente o desejo do seu Presidente, Moon Jae-in, de criar o que chamou um Novo Mapa Económico para a Península da Coreia e mesmo de unir as duas Coreias por ferrovia.

A este plano não serão alheias as movimentações logísticas na região. Moon Jae-in quer ligar o seu país às linhas ferroviárias da Trans-China e ao Transiberiano russo, que já tem ligação ao porto norte-coreano de Rajin, próximo da fronteira russa. E espera que o Transiberiano chegue a Busan, a segunda cidade da Coreia do Sul, com um dos portos de mercadorias mais movimentados do mundo. Até porque Vladimir Putin tem atribuído prioridade ao desenvolvimento do Extremo Oriente russo.

 



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