O CEO da Maersk está satisfeito com os resultados do 3º trimestre, que reflectem o efeito das sobretaxas relativas aos combustíveis. Søren Skou também referiu que a fusão com a Hamburg Sud avança mais depressa do que o previsto e antecipou uma retracção no transporte marítimo em 2019, essencialmente resultante do conflito comercial entre a China e os Estados Unidos
Maersk

A A.P. Moller Maersk registou melhorias na sua rentabilidade e cash flow no terceiro trimestre deste ano, que reflectiram o impacto da adopção de taxas de emergência resultantes do aumento estimado dos preços do combustível, admitiu Søren Skou, CEO da empresa.

Os Lucros antes de Juros, Impostos, Depreciação e Amortizações (EBITDA) aumentaram 16% face ao período homólogodo do ano anterior, principalmente devido a ganhos no segmento Oceano e apesar do impacto negativo do aumento de custos com combustíveis.

“Ainda não estamos onde queremos em termos absolutos, em matéria de rentabilidade, mas estamps a melhorar significativamente; os nossos ganhos operacionais cresceram quase 30% face aos do 2º trimestre deste ano, pelo que caminhamos na direcção certa”, refere Søren Skou.

O mesmo responsável também destacou o efeito da integração dos negócios, que serve melhor os clientes e consolida o potencial de crescimento da Logística e dos Serviços. Em resultado disso, a empresa registou um crescimento de receitas no 3º trimestre, incluindo serviços na cadeia de abastecimento.

Igualmente destacadas foram as sinergias resultantes da fusão com a Hamburg Süd, que deverão ascender a pelo menos 440 milhões de euros em 2019, excluindo custos de integração. Uma fusão cujo processo progride mais depressa do que o esperado.

Søren Skou também revelou que não considera necessário realizar fusões e aquisições no próximo ano. A empresa já detém 20% de quota de mercado nas rotas comerciais de longo curso, o que lhe confere uma estrutura de custos competitiva que dispensa aquisições.

Disse também que a Maersk não considera encomendar qualquer grande navio antes de 2020 nem investir em navios em segunda mão. Mas não revelou o número de navios da empresa que serão equipados com exaustores de gases de escape (scrubbers), no âmbito da sua estratégia de responder às exigências das futuras regras sobre combustíveis navais que entrarão em vigor em 2020. Mas no terceiro trimestre, a empresa destinou 71 milhões de euros à instalação destes equipamentos e à adaptação departe da sua frota de porta-contentores.

O CEO da Maersk referiu também que, ironicamente, as importações de produtos chineses pelos norte-americanos estão a crescer, aumentando o défice de Washington face a Pequim, que atingiu 35 mil milhões de euros em Setembro (segundo o Bureau of Census), apesar das taxas impprtas por Donald Trump sobre os produtos importados a partir da China para os Estados Unidos.

Mas Søren Skou considera que esta aceleração de importações provenientes da China deve ser temporária e explicada pelo facto de os retalhistas norte-americanos estarem a quere armazenar produtos antes da próxima vaga de taxas sobre essas importações entrar em vigor. O CEO avisou que isso terá efeito no próximo ano, quando estas importações diminuírem, e que haverá um preço a pagar pela indústria dos porta-contentores.

Em contrapartida, de acordo com dados da Maersk, citados pelo seu CEO, as importações de produtos norte-americanos pela China caíram em um terço nos últimos meses. A empresa prevê uma contracção nos volumes de carga contentorizada entre os 0,5% e os 2% no próximo ano, com um crescimento erodido, principalmente, pelas restrições comerciais impostas pela China e pelos Estados Unidos. Para se adaptar, a empresa planeia reduzir a capacidade nas rotas comerciais transpacíficas em 2019 em função da procura.



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