Nos próximos cinco anos, a procura de produtos pode gerar um crescimento no transporte marítimo, em particular, nos segmentos de petroleiros, navios tanque de químicos e porta-contentores, segundo a consultora em serviços marítimos Maritime Strategy International (MSI).
Para a consultora, as exportações do Médio Oriente continuarão a crescer, induzidas por refinarias novas ou em expansão na Arábia Saudita, Omã, Emiratos Árabes Unidos Qatar e Turquia. Simultaneamente, a Europa e países asiáticos exteriores à OCDE deverão manter-se como principais destinos daquelas exportações.
Como refere a previsão da MSI, “o crescimento das mercadorias apenas nos conta um lado da história”. Se convertermos este crescimento em requisitos do transporte marítimo, como distâncias, velocidades, tempos de escala, ratios de lastro, entre outros, o panorama torna-se ainda melhor para este sector.
Além dos petroleiros, navios tanque de químicos e cargueiros, os porta-contentores com capacidade para cerca de 8 mil TEU poderão registar um crescimento e antes dos outros segmentos. A consultora sustenta esta opinião no facto de estes navios estarem hoje a operar num maior número de rotas do que há cinco anos e em especial nas rotas Norte-Sul. O rápido desenvolvimento das infra-estruturas portuárias também leva a consultora a crer que estes navios serão chamados a mais portos do que nos últimos anos.
Segundo a MSI, é do lado da oferta que podem surgir obstáculos a este crescimento. Se nos segmentos das principais commodities as encomendas ultrapassam significativamente a frota envelhecida, já nos navios multi-tarefas, ro-ro (material circulante e veículos) e PCTC (pure car/truck carrier, para transporte de veículos novos ou usados em grandes quantidades) existe um maior equilíbrio na substituição da tonelagem existente.
A MSI nota, contudo, que nem todos os navios encomendados serão entregues, ou mesmo construídos. Actualmente, refere, mais de 25% das encomendas para 2016 deve ser entregue por estaleiros sujeitos a requisitos Tier 2 e Tier 3 (parâmetros relacionados com as emissões de poluentes para a atmosfera). Um valor que cairá para 20% em 2017. “Prevemos que estes estaleiros assistirão a um grande número de cancelamentos”, refere a MSI. No caso dos cargueiros de granéis sólidos, mais de 50% da tonelagem encomendada para este ano está colocada junto de estaleiros de Tier 2 e Tier 3.
Por outro lado, a idade média dos navios enviados para desmantelamento também diminuiu, como sucede nos graneleiros e porta-contentores.
A consultora considera também que, com base em encomendas e máximos históricos, em 2017, o Japão e a Coreia devem assistir a uma queda da capacidade de utilização dos estaleiros para os 70% da capacidade plena e para 50% no caso da China.
A MSI também considera que os estaleiros precisam de encomendas com antecipação de dois anos para adquirirem poder negocial. O exemplo da HHI e da Samsung, ambas com um baixo nível de encomendas para 2018 e a atravessar um período difícil, ilustra-o.
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