Desde 4 de Fevereiro que os Esquemas de Separação de Tráfego do Cabo da Roca e Cabo de São Vicente dispõem em funcionamento de uma nova tecnologia de apoio à navegação marítima. Trata-se do Automatic Identification System (AIS), que opera como AtoN (Aid to Navigation), mas na modalidade Virtual, e Portugal é dos poucos países a possuí-la.
Embora o AIS seja utilizado pelo meio marítimo há décadas e Portugal já disponha da modalidade AtoN Real há alguns anos, agora existe uma versão Virtual na qual a mensagem de apoio à navegação é transmitida a partir de uma estação remota. Na versão, existe uma ajuda física co-localizada com o equipamento AIS.
“O princípio do funcionamento do AIS como ajuda à navegação baseia-se na transmissão de uma mensagem, a qual, ao ser recebida pelos navios que se encontram na área (alcance VHF), é descodificada pelos equipamentos de bordo e representada nos respectivos displays, indicando qual a marca (ajuda à navegação), posição e significado”, esclareceu-nos Santos Teles, Chefe da Divisão de Estudos da Direcção de Faróis da Marinha.
Isto significa que ao contrário das “ajudas à navegação tradicionais, que são essencialmente passivas”, tendo o navegador que localizar e identificar o apoio, “neste caso a própria ajuda alerta o navegante para o local onde se encontra implantada e qual a sua função”, referiu-nos Santos Teles. Originalmente destinado a transmitir informação dos navios para terra ou entre navios, ao longo dos últimos 10 anos o AIS “começou a ser utilizado numa nova componente, como ajuda electrónica à navegação”.
A novidade do sistema agora implementado “tem a ver com o método de transmissão”, referiu-nos o mesmo responsável. “Desenvolvido pela Direcção de Faróis, em estreita cooperação com a Direcção das Tecnologias de Informação e Comunicação da Marinha”, é específico “para a realidade nacional, pois apoia-se na rede de transmissores VHF de que a Marinha dispõe” e não em qualquer ajuda física no local. E pode aplicar-se junto “das entidades nacionais responsáveis pelo assinalamento marítimo, nomeadamente nos Países de Língua Oficial Portuguesa”.
Como o desenvolvimento “foi essencialmente ao nível da expertise e dos recursos humanos residentes”, segundo Santos Teles, torna-se “difícil quantificar valores” relativos ao investimento efectuado.
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