Ao longo dos anos muito se ouve falar das vantagens competitivas e comparativas de Portugal no mundo da Logística e Transporte Marítimo mas se Andreia Ventura não tem dúvida sobre algumas dessas mesmas vantagens e Isabel Moura Ramos destaca igualmente a nossa centralidade atlântica, como António Belmar da Costa corrobora, o facto é que continuamos sem uma verdadeira estratégia nacional que torne tais potencialidades em acto.
3 comentários em “As vantagens competitivas de Portugal no Transporte Marítimo”
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Como é possivel continuarmos a viver na ilusão mitológica de que “temos uma centalidade marítima” e consequentemente “atratividade e competitividade marítimas”??? Continuamos a querer “parecer mais do que somos”. Quanto mais vivermos nestas ilusões, menos progredimos para a realidade. Somos um país periférico relativamente ao centro da Europa que absorve a esmagadora maioria da carga marítima. Por que razão os navios com carga para a Europa vêm descarregar essas cargas em portos portugueses para depois serem de novo carregadas em navios de transporte marítimo de curta distância (a ferrovia está fora de questão) tornando o transporte mais caro, mais moroso e mais complexo? Os carregadores regem-se pela racionalidade económica e não pelo nosso conceito de “porta de entrada na Europa”, “centralidade marítima” e outros mitos conhecidos. Pensem um pouco: se temos essa centralidade e essa competitividade porque razão as cargas vão para Roterdão. Antuérpia, Bremenhaven, etc. e não para os portos portugueses?
É um mito semelhante a outro de que passam milhares de navios junto á costa portuguesa e temos de os atrair para os nossos portos…..
Depois de termos estado parados umas boas dezenas de anos, eis que, de novo, O Mundo pula e avança…
Durante vário anos chamei a atenção de políticos, autarcas e administradores de Portos, para o papel relevante que Portugal poderia assumir no contexto do transporte intercontinental de mercadorias, tirando proveito da posição em que o Determinismo Geográfico nos localizou, no ponto mais ocidental da Europa e mais próximo dos Continentes Americanos e Africano. Invoquei mesmo Camões (Canto III.20) que há centenas de anos tal já tinha constatado e escrito ” Aqui onde a Terra se acaba e o Mar começa”, para concluir que, do aproveitamento dessa vantagem posicional, os nossos portos se poderiam ainda afirmar como Porta Atlântica da Europa Continental.
Para isso teríamos de acabar com a balcanização ferroviária a que sucessivos governos nos tinham condenado, sem nunca terem lido ou dado continuidade ao Sonho e Visão de D. Pedro V que, já em 1850 afrontava os isolacionistas e pugnava por uma ligação ferroviária de Lisboa à Europa.
Finalmente o seu Plano de uma Linha Ferroviária de Lisboa a Caia está perto de se concretizar com a adjudicação de vários troços entre Évora e Caia bem como a duplicação da via entre Poceirão e Bombel,
Se prosseguir com determinação, estaremos muitos próximos de “Pela Ferrovia dar continuidade ao Mar… Pelo Mar dar continuidade à Ferrovia.
E assumir de novo um papel importante como Potência Marítima.
Infelizmente perdemos o timing para a implantação dos portos na nossa costa.
Nunca tivemos uma visão integrada dos portos e interface com a ferrovia.
A Espanha ganhou essa oportunidade reforçando os seus portos do Mediterrâneo e investindo fortemente na ferrovia com bitola europeia.
A nossa porta de entrada do Atlântico na Europa não tem comparação com Roterdão e os Portos Espanhóis do Mediterraneo.
Não temos visão para o short sea, via trans-shipment num Porto Atlantico.