A greve dos estivadores no porto de Setúbal estará a prejudicar a exportação de veículos da Autoeuropa e, segundo a revista Sábado, terá mobilizado a empresa no sentido de procurar alternativas exportadoras noutros portos. A Autoeuropa confirma atrasos na saída de navios com mercadoria sua, mas não comenta a procura de alternativas adiantada pela Sábado
Drewry

Em notícia ontem publicada, a revista Sábado admite que a Autoeuropa coloca a possibilidade de deslocar a exportação da sua produção de veículos T-Roc do porto de Setúbal para os portos de Sines ou Santander. Segundo a revista, “a greve dos estivadores ao trabalho suplementar e a todo o trabalho aos fins-de-semana e feriados está a atrasar a saída dos navios com carros”.

Ainda de acordo com a publicação, o arrastamento da greve está a preocupar “os responsáveis pela logística da marca alemã em Portugal, que vão para já pedir preços aos portos de Sines e Santander – este último no Norte de Espanha, é um ponto competitivo de exportação de carros”. E cita o director de comunicação da Autoeuropa, João Delgado, que admite que a greve já se reflecte “no atraso de alguns navios com carros da Volkswagen Autoeuropa”.

Se é certo que, como referem algumas fontes portuárias, no quadro de uma gestão racional, seja normal uma empresa ter sempre uma alternativa ou um plano B para qualquer eventualidade e que a possibilidade colocada pela revista ainda seja prematura ou somente “um alerta amarelo”, como refere a Sábado, também o é que a concretizar-se, teria forte impacto no porto de Setúbal e, no caso da opção Santander, na economia nacional.

Dados da Associação Automóvel de Portugal (ACAP) recentemente divulgados revelam que no primeiro semestre deste ano a fábrica da Autoeuropa respondeu por 75,1% da produção automóvel portuguesa e por 76,1% da exportação nacional de veículos.

Face ao conteúdo da notícia, contactámos a Administração do Porto de Setúbal para um comentário, mas até ao fecho deste artigo ainda não obtivemos qualquer resposta. Tentámos ainda ouvir António Mariano, do sindicato representativo dos estivadores, mas não foi possível obter qualquer contacto.

Contactámos igualmente a Autoeuropa para obter uma reacção ao teor da notícia, e foi-nos confirmado que já se registaram atrasos na saída de navios do porto de Setúbal com produtos da fábrica. João Delgado referiu-nos ainda que a empresa opta por não comentar a informação da revista sobre a pesquisa de preços de outros portos, cuja origem não atribui à Autoeuropa, e lembrou-nos que existe um contrato em vigor entre a Autoeuropa e o porto de Setúbal. O mesmo responsável adiantou-nos também que o fluxo logístico entre a Autoeuropa e o porto de Setúbal está consolidado desde há muito.



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