Um estudo da organização sobre emissões no transporte marítimo compromete empresas do sector no que respeita à redução das emissões de gases com efeito de estufa e acusa a IMO de ceder a interesses corporativos
Susa

O World Shipping Council (WSC) e a Organização Marítima Internacional (IMO, na sigla em inglês), refutaram as acusações de um estudo da InfluenceMap, uma organização não lucrativa dedicada à análise da influência das grandes empresas sobre as medidas para combater os efeitos das alterações climáticas, que acusa o sector do transporte marítimo de ter exercido influência junto das Nações Unidas para ser excluído das iniciativas internacionais destinadas a reduzir as emissões de poluentes.

O estudo, intitulado «Corporate capture of the UN International Maritime Organization», foi publicado esta semana e refere que o sector do transporte marítimo obstruiu a implementação de medidas que se lhes aplicassem relativamente às alterações climáticas, “garantindo que permanecerá o único sector do mundo excluído de quaisquer medidas para redução de emissões”.

O estudo refere também que as três principais associações representantes do sector na IMO – a International Chamber of Shipping (ICS), o Baltic and International Maritime Council (BIMCO) e o WSC – terão pressionado a IMO para retardar até 2023 medidas aplicáveis a sector para reduzir os gases de efeito de estufa, rejeitando metas vinculativas nesse sentido e opuseram-se a ambiciosos padrões de eficiência energética.

E sublinha que apesar de ser responsável por 3% das emissões de gases com efeito de estufa, este sector permanece fora do Acordo de Paris sobre as alterações climáticas, além de recordar uma estimativa do Parlamento Europeu de 2015, segundo a qual, em 2050, o sector será responsável por 17% das emissões globais de gases com efeito de estufa se for mantido desregulado.

O WSC, que assume representar cerca de 90%da capacidade mundial de transporte marítimo, reagiu dizendo que o estudo deturpa seriamente a sua abordagem sobre a redução das emissões de carbono entre o sector. Já a IMO, que foi acusada de ser a única agência das Nações Unidas a admitir extensas representações corporativas no processo de elaboração de políticas (como no seu recente comité ambiental, em que 31% dos Estados estiveram parcialmente representados por interesses privados) respondeu pela voz do seu Secretário-Geral, Kitack Lim, que disse que a composição das delegações nacionais é “uma questão exclusiva dos próprios países, e os que desejam incluir especialistas técnicos da indústria ou outros podem fazê-lo”.

O responsável da IMO acrescentou que “nem a Convenção da IMO, nem qualquer das Regras de Procedimento para reuniões individuais limitam, de alguma forma, a capacidade dos Estados-Membros de estruturar as suas delegações da forma que considerarem mais apropriada para considerar cuidadosamente as questões que lhes são submetidas”.



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