Um relatório recente do International Council on Clean Transportation (ICCT), reportando-se a dados entre 2013 e 2015, revelou que as emissões de gases de efeito de estufa pelos navios aumentaram novamente. Este estudo estimou, especificamente, o consumo de combustível, o aumento do dióxido de carbono, entre outros gases, e toda a eficiência operacional dos navios, como a carga, o uso de energia ou a potência.
No que respeita o consumo de combustível pelos navios, no período indicado, aumentou de 291 milhões de toneladas para 298 milhões de toneladas – mais 2,4% desde 2013. E o total de emissões de gases para o efeito de estufa aumentou de 910 milhões de toneladas para 932 milhões de toneladas – também 2,4%. Estes números representam 2,6% das emissões globais de CO2, entre o uso de combustíveis fósseis e processos industriais.
O maior número de emissões verifica-se nos porta-contentores (23%), seguido dos graneleiros (19%) e dos petroleiros (13%) – três classes de navios que representam 84% do transporte marítimo global.
Dos 223 Estados de bandeira (países de registo dos navios), os países cuja bandeira está mais associada à poluição são o Panamá (15%), a China (11%), a Libéria (9%), as Ilhas Marshall (7%), Singapura (6%) e Malta (5%). Estas bandeiras têm um grande número de navios registados e, também por isso, representam maior poluição – 66% da frota global de tonelagem em porte bruto – pelo que a redução das emissões de gases requererá maior esforço da parte destes países, por forma a reduzir os impactos, principalmente em Estados mais vulneráveis.
A culpa recai sempre sobre o CO2, no entanto, este não é o único poluente. E entre os combustíveis, o carbono negro é o que mais contribui para o impacto negativo dos navios no ambiente, depois do CO2. Este é um combustível que segundo o estudo é ignorado, mas que se reduzido, contribuiria imediatamente para a diminuição dos impactos climáticos do transporte marítimo.
Independentemente das razões apontadas para o aumento das emissões, ao contrário do que se esperava, este estudo concluiu que até os navios como os graneleiros ou os porta-contentores, cujas intensidades de CO2 diminuíram entre 6% e 9%, respectivamente, reduziram apenas 1% de emissões de CO2. Isto devido ao aumento da carga que transportam. Assim, os navios maiores estão a poluir mais e muito deles também atingem maiores velocidades.
Os autores do estudo, Naya Olmer, Bryan Comer, Biswajoy Roy, Xiaoli Mao e Dan Rutherford, deixam um desafio: que, em última instância, há que reduzir o volume de gases de efeito de estufa por navio, a par com as acções que têm sido levadas a cabo para melhorar a eficiência dos navios.
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