O Instituto Superior da Qualidade (ISQ), a Universidade de Coimbra (UC), a empresa de recursos humanos Quasar e a construtora naval Atlantic Eagle Shipbuilding assinaram esta semana um Protocolo de Cooperação para a criação de um hub de Qualificação e Formação para a Construção, Reparação Naval & Gestão Portuária na Figueira da Foz.
O objectivo é constituir um consórcio que é uma parceria privada para “dinamizar a qualificação dos profissionais que trabalham nos portos, a partir de experiências já realizadas noutros países e que são consideradas boas práticas”, refere Margarida Segard, adjunta da direcção de formação do ISQ.
Os subscritores pretendem alargar o projecto a “outros parceiros, nomeadamente na área da I&D, prevendo-se a internacionalização”, diz a mesma responsável. A ideia seria mesmo criar uma “parceria sólida e sustentável entre stakeholders estratégicos em Portugal neste sector, oriundos da Indústria Naval, Universidades, Centros Tecnológicos e Organismos Nacionais e Regionais, que permitam dinamizar, inovar, criar emprego qualificado, gerar maiores níveis de competitividade, impulsionar a internacionalização e acompanhar os desafios do paradigma económico e tecnológico da digitalização no quadro da indústria 4.0”, refere Pedro Matias, presidente do ISQ.
Margarida Segard entende que “são necessárias novas competências para a economia azul e novas estratégias de formação para responder aos desafios da digitalização dos portos, adaptação ao LNG (Liquefied Natural Gas) e à modernização das indústrias navais”.
Segundo dados do ISQ, “a economia do mar em Portugal apresenta alguma deficiência de qualificações e uma população envelhecida, sobretudo ao nível da adaptação aos novos equipamentos, processos e serviços”, pelo que se torna importante transferir conhecimento “através da formação de quadros especializados, até porque a formação contínua é quase inexistente”.
“Na área de construção e reparação naval e gestão de portos, o cenário é ainda mais preocupante, não há quadros qualificados e a solução passa pela sub-contratação a fornecedores externos (Espanha, Argélia e Marrocos)”, refere o ISQ.
O propósito do hub que agora se lançou é criar “mão-de-obra especializada para o sector naval, business oriented, com mobilidade noutros países e sectores de atividade”, procurando qualificar e certificar mão-de-obra especializada, desenvolver cursos de formação inicial e avançada, desenvolver formação universitária, atrair para o sector jovens e adultos – qualificados ou pouco qualificados – aumentar níveis de empregabilidade de jovens, mulheres, população de risco ou população pouco qualificada, e trabalhadores pouco modernizados, optimizando os recursos logísticos e equipamentos do mar”, refere o ISQ.
Ainda segundo o ISQ, actualmente, a Indústria de construção e reparação naval portuguesa tem 600 Pequenas e Médias Empresas (PME), “das quais 500 com menos de 10 colaboradores”, com um “potencial de empregabilidade elevado e localização geográfica privilegiada”, e empresas inovadoras e tecnologicamente evoluídas, mas enfrenta “forte competição por parte de países com mão-de-obra barata ou de países de tecnologia mais avançada”.
- Os Portos e o Futuro
- Sines não vai salvar nem a Alemanha nem a Europa…
- MAR: O Sucesso do Registo Internacional da Madeira
- Empesas de Reboque Marítimo: o drama de um mercado desvirtuado
- Registo da Madeira expande-se na Europa
- A evolução dos mercados e do transporte do Gás Natural Liquefeito
- A reduzida Marinha Mercante Portuguesa e a falta de ambição Marítima
- A transformação do «Shipping» e da Logística